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ATUALIZAÇÕES QUINZENAIS
À procura de Elly
(Adaptação de comentário previamente
publicado no blog FIC com Borges)
Muito obrigado a todos que acompanharam minha cobertura do XI FIC Brasília no blog FIC com Borges (http://segundoborges.wordpress.com/). O festival teve altos e baixos, naturalmente. Um dos pontos negativos foi a limitada (quantitativa e qualitativamente) seleção de filmes, a mais fraca dos últimos anos. Mesmo assim, quem garimpou teve a oportunidade de ver bons trabalhos. E o melhor dos que eu vi - e, provavelmente, entre todos os 86 filmes do evento - foi o iraniano À procura de Elly (Darbareye Elly, 2009).
Há quem discorde, mas o cinema iraniano é, incontestavelmente, muito bom. E se o regime dos aitolás tenta se apropriar desse fato em sua estratégia de diplomacia pública, a verdade é que os melhores cineastas iranianos lançam um olhar crítico sobre o país (caso de Jafar Panahi - diretor de filmes proibidos por lá - que teve seu passaporte confiscado há menos de um mês.)
Dirigido pelo jovem Asghar Farhadi (1972-), e premiado em diversos festivais - inclusive com o Urso de Prata de Melhor Direção em Berlim, Á procura de Elly pode não ser abertamente polêmico, mas levanta importantes questões acerca do relacionamento entre os sexos no Irã. Tudo feito de maneira muito sutil, em uma narrativa surpreendente.
A estória: três jovens casais de classe média vão com o amigo Ahmad, que retornou da Alemanha divorciado, passar um fim de semana prolongado no Mar Cáspio. Uma das mulheres é a inteligente Sepideh (Golshifteh Farahani, a namoradinha de Leonardo DiCaprio em Rede de mentiras), que, tentando encontrar uma nova esposa para Ahmad, aproveita para convidar a tímida Elly, professora de sua filha. Um pouco relutante, Elly acaba aceitando viajar com eles. E embora conheçam muito pouco a respeito da moça, os amigos torcem para que ela e Ahmad fiquem juntos.
Essa breve sinopse não sugere muita coisa, mas quem quer que tenha visto Dias e noites na floresta (1970) - do mestre indiano Satyajit Ray - pode comprovar que um fim de semana prolongado se transforma, não raro, em algo mais, modificando completamente a vida de todos os indivíduos. É o que acontece em À procura de Elly, prendendo a atenção do espectador.
O que vemos na tela é nada mais nada menos do que um triunfo - com muita elegância e simplicidade - do cinema narrativo. O filme trata de circunstâncias especificamente iranianas, mas lida ao mesmo tempo com a própria natureza humana. Quando esteve no Festival de Karlovy Vary, o diretor, que se graduou em Teatro, mencionou o quanto foi influenciado por Ibsen. À procura de Elly não poderia deixar isso mais claro. Tão importantes quanto o mistério e o suspense no centro do filme são as reações das personagens, os desentendimentos ocasionados por um problema inesperado.
Trata-se, sem sombra de dúvida, de um filme muito sutil e sofisticado, imperdível. E é exatamente por isso que evito revelar muitos detalhes.
Por Túlio Sousa Borges, [email protected]
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