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R E L I G I Ã O
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QUEM FEZ O CEGO, O SURDO E O MUDO? PARTE II
Por Bruno Aníball Peixoto de Souza, colunista do Portal Brasil
         

            Moisés nasceu no Egito, filho de escravos hebreus, quando Faraó ordenara às parteiras egípcias que matassem os filhos das hebréias se nascessem meninos, de forma que para não morrer sua mãe lhe fez um cesto e o deixou no rio, com sua irmã mais velha o vigiando de longe.

            Nesse contexto a filha do Faraó desce a banhar-se nas águas do Nilo, vê o cesto, ouve o choro de uma criança, manda sua serva buscá-lo, abre o cesto e se compadece da criança, chamando-a de Moisés, porque das águas a tirara.

            Pergunta por uma ama de leite. A irmã de Moisés ouve, se apresenta e indica ninguém menos que a mãe de Moisés para amamentá-lo, a qual foi ironicamente contratada pela princesa para amamentar o próprio filho.

            Moisés cresce como um príncipe do Egito. Um dia irrompeu contra um egípcio que fustigava com vara um judeu a ponto de matá-lo, pelo que foge da presença de Faraó a Midian, onde se casa com a filho de Jetro e passa viver como pastor de ovelhas, profissão desprezível aos egípcios, e isso por quarenta anos.

            Quarenta anos se passam e um dia, apascentado no monte Horebe, viu uma sarça que ardia, mas não se consumia. Foi a primeira experiência de Moises com DEUS registrada em Êxodo capítulo 3 e capítulo 4, versículos 1 ao 15.

            Há três momentos que marcaram a história: o chamamento de Abraão, o de Moisés e o do rei Davi. Em Abraão não havia um povo, senão uma família. Mas em Moisés reside a criação do Estado de Israel tal como se entende hoje, legislação, dogmas, estrutura territorial, direito interno e externo, cidadania israelita, tudo isso deflui da instituição que deflui do chamamento de Moisés.

            Nesse contexto DEUS perfila um rosário de limitações até chegar ao ponto nodal: sua baixa auto-estima, sua gagueira.

            Todos os grandes líderes da humanidade foram grandes oradores. Fidel e seus intermináveis discursos, Abraham Lincon, Mahatma Gandhi, Simon Bolívar, Alexandre o grande, homens afeitos ao discurso, insufladores das massas, magnéticos, envolventes, carismáticos, homens que a seu tempo forjaram nações e reinos usando o poder da palavra como catalisador de sonhos e de vetores sociológicos e políticos.

            O homem a quem DEUS escolheu em tal contexto é uma espécie de “cego”, “surdo” e “mudo” para postar-se como cimeiro, referencial e protagonista da criação do estado de Israel, da transformação de um aglomerado de tribos numa nação, com governo e território, alguém humanamente desqualificado ao feito, imponderável, impensável. Segue o texto:

E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o anjo do SENHOR em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.  E Moisés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima. E vendo o SENHOR que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa. Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus. E disse o SENHOR: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. Portanto desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do perizeu, e do heveu, e do jebuseu. E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel é vindo a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem. Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó para que tires o meu povo (os filhos de Israel) do Egito. Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel? E disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte. Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração. Vai, e ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O SENHOR Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, me apareceu, dizendo: Certamente vos tenho visitado e visto o que vos é feito no Egito. Portanto eu disse: Far-vos-ei subir da aflição do Egito à terra do cananeu, do heteu, do amorreu, do perizeu, do heveu e do jebuseu, a uma terra que mana leite e mel. E ouvirão a tua voz; e irás, tu com os anciãos de Israel, ao rei do Egito, e dir-lhe-eis: O SENHOR Deus dos hebreus nos encontrou. Agora, pois, deixa-nos ir caminho de três dias para o deserto, para que sacrifiquemos ao SENHOR nosso Deus. Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir, nem ainda por uma mão forte. Porque eu estenderei a minha mão, e ferirei ao Egito com todas as minhas maravilhas que farei no meio dele; depois vos deixará ir. E eu darei graça a este povo aos olhos dos egípcios; e acontecerá que, quando sairdes, não saireis vazios, porque cada mulher pedirá à sua vizinha e à sua hóspeda jóias de prata, e jóias de ouro, e vestes, as quais poreis sobre vossos filhos e sobre vossas filhas; e despojareis os egípcios. Então respondeu Moisés, e disse: Mas eis que não me crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O SENHOR não te apareceu. E o SENHOR disse-lhe: Que é isso na tua mão? E ele disse: Uma vara. E ele disse: Lança-a na terra. Ele a lançou na terra, e tornou-se em cobra; e Moisés fugia dela. Então disse o SENHOR a Moisés: Estende a tua mão e pega-lhe pela cauda. E estendeu sua mão, e pegou-lhe pela cauda, e tornou-se em vara na sua mão. Para que creiam que te apareceu o SENHOR Deus de seus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.  E disse-lhe mais o SENHOR: Põe agora a tua mão no teu seio. E, tirando-a, eis que a sua mão estava leprosa, branca como a neve. E disse: Torna a por a tua mão no teu seio. E tornou a colocar sua mão no seu seio; depois tirou-a do seu seio, e eis que se tornara como a sua carne. E acontecerá que, se eles não te crerem, nem ouvirem a voz do primeiro sinal, crerão à voz do derradeiro sinal. E se acontecer que ainda não creiam a estes dois sinais, nem ouvirem a tua voz, tomarás das águas do rio, e as derramarás na terra seca; e as águas, que tomarás do rio, tornar-se-ão em sangue sobre a terra seca. Então disse Moisés ao SENHOR: Ah, meu Senhor! eu não sou homem eloqüente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua. E disse-lhe o SENHOR: Quem fez a boca do homem? ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o SENHOR? Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar. Ele, porém, disse: Ah, meu Senhor! Envia pela mão daquele a quem tu hás de enviar. Então se acendeu a ira do SENHOR contra Moisés, e disse: Não é Arão, o levita, teu irmão? Eu sei que ele falará muito bem; e eis que ele também sai ao teu encontro; e, vendo-te, se alegrará em seu coração. E tu lhe falarás, e porás as palavras na sua boca; e eu serei com a tua boca, e com a dele, ensinando-vos o que haveis de fazer.

            DEUS demoliu as resistências de Moisés ao chamado, à vocação, adentrando camadas profundas da sua psique até chegar no recôndito, lugar onde residia a essência da pequenez de Moisés, sua fraqueza: a gagueira.

            Após renhidas recusas, Moisés disse a DEUS que jamais um gago poderia apresentar-se ao poderoso Faraó, representado uma nação com um pedido humanamente impossível, era como se dissesse: será que o SENHOR não vê o que todos viram, minha incapacidade de comunicação, de fluência?

            Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são, para que nenhuma carne se glorie perante ele – I Coríntios, capítulo 1, versículos 27 a 28. Por isso Moisés foi chamado.

            Cumpre assentar que foi o eloqüente Arão que se permitiu fazer um bezerro de ouro para que o povo o adorasse, dada demora de Moisés no monte em que recebeu as primeiras tábuas da lei, as quais quebrou ao descer do monte e ver a idolatria irrompendo em todo o arraial, encetada por seu irmão que sucumbiu à pressão do povo.

            A boca DEUS tem. O que ALTÍSSIMO queria era alguém com um coração íntegro para suportar a pressão da idolatria e da rebeldia da nação israelita. Arão era o eloqüente, o loquaz, mas não tinha a firmeza e a paciência de Moisés.     

            Paz.

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