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R E L I G I Ã O
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 /  J A N E I R O  /  2 0 0 9

VERDADE OU VERDADES, EIS A QUESTÃO
Excepcionalmente por Pr. Hélder Rodrigues de Souza

         O que é verdade? Alguns asseveram: “Verdade é aquilo em que eu acredito e não tem discussão”. Já um advogado diria: “Existe aquilo que os outros dizem acerca do meu cliente, mas a veracidade dos acontecimentos é esta...” Ou então, um filósofo afirmaria: “A verdade de fato é contingente cujo oposto é possível”.

         Nos orgulhamos de tanto conhecimento adquirido... A humanidade evoluiu da era da pedra para a tecnologia a ponto de enviar uma sonda a Marte. A ciência se desenvolveu assustadoramente, de forma que quando uma máquina chega ao mercado já é considerada obsoleta. Como isto tem afetado nossas vidas?

         Mesmo se ultrapassarmos a evolução retratada nos filmes de ficção científica, ainda assim precisaremos nos alimentar, dormir, amar e ser amado. Não importa o grau de avanço tecnológico que atingirmos, algumas necessidades humanas são insubstituíveis.

         Neste turbilhão de conhecimento aquilo que era considerado verdade absoluta ganha cada vez mais força na relativização. Se por um lado é espetacular usufruir da tecnologia disponível, por outro, a informação é banalizada, questionável e, até mesmo, descartável, muitas vezes não com métodos, mas com achismos.

         Numa série de ensaios chamada “Lógica”, Aristóteles estabeleceu a diferença entre maneiras válidas e inválidas do raciocínio humano. Assim, Órganon, ou seja, “conjunto de requisitos lógicos para uma demonstração científica ou filosófica” (dic. Aurélio) traça o caminho pelo qual um conjunto de conhecimentos deve ser construído logicamente. A ciência é obtida de maneira programada, sistematizada e controlada, para que se permita a verificação de sua validade, portanto, e para tanto, a ciência é uma atividade eminentemente reflexiva.

         Assim, se alguém parte de um pressuposto errado suas conclusões serão sofismadas. Portanto, nada melhor do que conhecer alguns princípios lógicos para não cairmos em erros de argumentação.

         Mesmo porque todos usamos a lógica para pensar sobre a vida, de forma que a existência e a razão devem ser o ponto de partida para qualquer pesquisa honesta e imparcial da verdade.

         Nas palavras do Dr. Norman Geisler, pastor, professor há mais de 40 anos, doutor em filosofia: “A lógica é o ramo da filosofia que compreende o entendimento das leis que regem nosso processo intelectual. A lógica é a ordem que a razão descobre quando pensa sobre o pensar. Portanto, é a pré-condição necessária para todo pensamento” (Fundamentos Inabaláveis. Editora Vida, São Paulo: 2001, p. 18).

         Permita-me mostrar três princípios fundamentais da lógica:

1.   A lei da não-contradição (LNC)

Esta lei declara que “A” não pode ser “A” e “não-A” ao mesmo tempo e no mesmo contexto, ou seja, algo não pode ser o que é e não ser o que é ao mesmo tempo e contexto. A lei da não-contradição é a mais básica das leis da lógica. É tão poderosa que não podemos evitá-la ou refutá-la.

“Se alguém dissesse: ‘Não existe essa coisa chamada verdade, e a LNC não tem sentido’, esse alguém teria feito duas coisas. Primeiro, teria assumido que sua posição é verdadeira e oposta à falsa, e desse modo aplica a LNC (o que, obviamente, indica que a LNC faz sentido, porque sua posição supostamente tem sentido). Segundo, teria violado a LNC afirmando que não existe essa coisa chamada verdade, enquanto, ao mesmo tempo e no mesmo sentido, insistisse que há essa coisa chamada verdade – a verdade de sua própria posição. Fazendo assim, validar, ela automaticamente valida a LNC” (Geisler, p. 20).

2.   A lei da identidade (LID)

Se tudo fosse ilusão, a busca pela verdade seria uma tarefa sem sentido. Quando atribuímos palavras (símbolos) para corresponder a certos aspectos da realidade (referentes), estamos aplicando a LID. Assim, “A” é “A”.

3.   A lei do terceiro exclusivo (LTE)

Este princípio está correlacionado à LID. A LTE declara que ou é “A” ou não é “A” (jamais as duas coisas ou uma terceira).

Para Geisler “todo raciocínio válido repousa sobre esses princípios. Eles são absolutos e sem eles não seria possível o raciocínio” (p. 21).

          Retornando à questão inicial, à medida que a sociedade se desenvolve mais se relativiza a verdade, assim, numa sociedade pós-moderna se apregoa: “não existe verdade, e sim verdades”. Em outras palavras a verdade é relativa. A maioria dos educadores e estudantes considera a verdade obsoleta, não absoluta. Contraditoriamente, a palavra “universidade” é baseada no conceito de unidade da verdade, a “única entre muitas”. Assim, se acreditava que havia uma unidade global na diversidade.

         Tudo isto tem afetado grandemente os princípios basilares da fé cristã. Muitos tentam maquiar a verdade com argumentos enfadonhos. O Apóstolo Paulo já tinha orientado o jovem pastor quando disse: “E tu, ó Timóteo, guarda o que te foi confiado, evitando os falatórios inúteis e profanos e as contradições do saber, como falsamente lhe chamam” (1 Tm 6.20 – grifo do autor).

         Quando alguém declara que “tudo é relativo”, e que, portanto, não existe uma verdade e sim verdades, já está automaticamente ferindo o primeiro princípio da lógica da não-contradição. Se tudo é relativo, já se criou um absoluto, logo, nem tudo é relativo.

         Dentre as muitas sérias implicações da relativização da verdade, considero uma das mais graves a ausência de parâmetro. Se tudo é relativo, o que é certo ou errado? Se tudo depende do referencial e, segundo os relativistas, a pessoa que tem certos absolutos é intolerante, então ficamos sem paradigmas.

         Note: se você está num vagão de metrô, e de um lado e do outro têm outros vagões, você não saberá qual estará se movendo. Isto porque, neste caso, você ficará sem um ponto referencial. Para que isto não aconteça você precisará deter seu olhar num ponto fixo, por exemplo, numa placa, a fim de saber qual vagão está se movimentando. A relativização da verdade decorre da falta de referenciais, ou seja, daquilo em que devemos acreditar ou não.

         Veja a sutileza e o perigo da relativização. Não poucos afirmam: “muitos caminhos levam a Roma, assim, todas as religiões levam a Deus”. Outros ainda acrescentam: “Deus é maior que nossa vã filosofia, por isso, todos que buscam, não importando quem e como, conhecerão o ser superior”.

         Isto não é verdade, pelos seguintes motivos:

1.            O fato de muitos caminhos levarem a Roma (premissa verdadeira) não significa que vários caminhos levam a Deus. Note como Paulo refuta essa afirmação com toda sua força:

            “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis” (Rm 1.20-23 – grifo meu).

         O Apóstolo diz que o homem transferiu o intransferível, a glória de Deus, passando a adorar imagens do próprio homem e de animais, ao invés de buscar o Deus Verdadeiro que se reconhece desde o princípio do mundo. Os que cultuam homens e animais estão ferindo a lei do terceiro exclusivo: se é animal, não é deus, se é homem, não é deus, assim, o ser humano tem adorado a criatura no lugar do Criador. Observe, portanto, que nem todas as formas de servir ao Senhor são por Ele aceitas.

2.            Se todos os caminhos levam a Deus como pode uma religião que prega que tudo é Deus, Panteísmo, ser conciliável ao cristianismo, cujo ensino é que Deus criou todas as coisas, mas não faz parte da coisa criada, Ele é transcendente, e não, imanente, como afirmam aqueles. Isto contradiz a lei da identidade, ou seja, Deus é Deus.

3.            Se todos os caminhos levam a Deus, então aqueles que praticam bruxaria, ocultismo, necromancia, afirmando que estão fazendo o bem estão se aproximando de Deus? Se preferir, os animistas, que professam existir milhares de deuses, por exemplo: água, sol, rã, vaca, cobra, piolho, etc. Os que declaram que todos caminhos levam a Deus estão afirmando sua crença em todas estas formas de cultuar a deus, e muitas outras.

4.            Se todos os caminhos levam a Cristo, porque então Jesus declarou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6)?

5.            O fato de geograficamente muitos caminhos levarem a Roma, não tem absolutamente nenhuma correlação com a vida espiritual.

6.            O profeta Oséias, inspirado por Deus, assevera: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Os 4.6). Jesus completa: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22.29).

7.            Assim, a afirmação de que todas as religiões levam a Deus fere a lei da não-contradição, pois muitas religiões pregam “verdades” antagônicas. O espiritismo diz que o homem reencarna para ser aperfeiçoado e pagar seus pecados de outras vidas. O cristianismo ensina que o homem morrerá apenas uma só vez (Hb 7.29).

8.            Por tudo isto, não é uma questão de intolerância o não acreditar que todos caminhos levam a Deus, mas de seguir as verdades pétreas insculpidas em sua Palavra (Bíblia). 

Quanto mais a verdade é relativizada menos parâmetros nós temos. Veja que 2 + 2 = 4. Isto é uma verdade absoluta, em todo tempo e circunstância. Mesmo que você não creia na lei da gravidade, toda vez que se jogar de um lugar irá cair, crendo ou não, gostando ou não, a verdade não pode ser mudada, nem é antagônica no mesmo tempo e contexto, pois se assim fosse, as duas não seriam verdadeiras, ou pelo menos uma delas.

Permita-me citar novamente Geisler: “A verdade por sua própria natureza é: 

Não contraditória – não viola as leis da lógica.

Absoluta – não depende de tempo, lugar nem condição nenhuma.

Relevada – existe independentemente de nossa mente; não a criamos.

Descritiva – é a concordância da mente com a realidade (correspondência).

Inevitável – negar-lhe a existência é confirmá-la (estamos presos a ela).

Imutável – é o padrão fixo pelo qual se verificam as declarações de verdade”. 

         De fato, os homens sempre estão em busca da verdade, mas infelizmente toda a evolução na era da informação tem dificultado esse processo, pois a verdade tem sido pulverizada e relativizada, assim, muitos perdem o parâmetro daquilo que é verdadeiro.

A verdade pode ser descoberta basicamente de três maneiras:

1.    Mediante a ciência. Pela cognição do homem, pois Deus o dotou de muitos dons e talentos;

2.    Pela observação dos fatos. O que é comumente aceito por todos, o senso-comum;

3.    Pela verdade revelada pelo próprio Deus, mediante a Sua Palavra. Aqui, este tipo de ciência normalmente extrapola o cognitivo, não pode ser medida ou mensurada, como supostamente afirmam os agnósticos, ou seja, tudo precisa de uma explicação racional para ser validado. As verdades divinas são as mais sublimes, e o seu oposto é totalmente irreal, não verdadeiro. 

O pressuposto que devemos ter não é a relativização da verdade, mas se aquilo que cremos como verdade, se de fato é verdade. Ou ainda, aquilo que achamos que não é verdade, se de fato, não é verdade. Aqui, me refiro não à ciência propriamente dita, mas à verdade revelada por Deus, que em parte não se pode simplesmente racionalizar, mas que é verdade. 

Este tipo de verdade não se identifica, inicialmente, simplesmente pelo conhecimento humano, mas sim pela fé. Assim, a verdade revelada de Deus se descortina mediante a fé. Quero incentivá-lo a ler com bastante cuidado essa passagem bíblica: 

Todavia, falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória. Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.

            Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (1 Co 2.6-16 – grifo meu). 

         A verdade concernente a Deus é revelada por Ele próprio ao homem, o que excede o conhecimento cognitivo, por isso o conhecimento desta nova realidade se dá pela fé. E, mesmo que você não acredite, esta Verdade jamais deixará de ser correta pela sua descrença, pois toda verdade é pedernal, e não pode ser relativizada.

         Jesus declara: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8.32). A verdade para o cristianismo é uma pessoa: Jesus Cristo. Ela é irretocável porque vem do próprio Deus-Perfeito. Assim, seus ensinamentos são absolutos, imutáveis e não-contraditórios. Se você ainda não crê, peça a Deus, em nome de Cristo, para que Ele te mostre a verdade, e um novo horizonte se abrirá na sua vida.           

“Peça, filho!” 

Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento” (Tg 1.6-7).

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