Jesus e o rei Herodes, por Bruno Aníball Peixoto de Souza

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JESUS E O REI HERODES
Por Bruno Aníball Peixoto de Souza, colunista do Portal Brasil

Há um mistério no encontro de JESUS com Herodes. JESUS se recusou a responder-lhe apesar de há muito querer vê-lo, porque ouvira seus prodígios. Agora ELE estava ali, mas não falava.

Os judeus naquele dia entregaram JESUS ao tribunal romano, leia-se, Pilatos, o pretor arguto e preclaro que acumulava funções de governador e juiz, e assim encetara peripécias processuais e políticos para livrar JESUS da morte, melhor, para não ser cúmplice num homicídio, contexto em que descobriu que JESUS era nazareno, jurisdição de Herodes, e lhe passou a “batata quente” - Lucas, capítulo 23, versículos 7 a 11:

“E, sabendo que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes, que também naqueles dias estava em Jerusalém. E Herodes, quando viu a Jesus, alegrou-se muito; porque havia muito que desejava vê-lo, por ter ouvido dele muitas coisas; e esperava que lhe veria fazer algum sinal. E interrogava-o com muitas palavras, mas ele nada lhe respondia. E estavam os principais dos sacerdotes, e os escribas, acusando-o com grande veemência. Herodes, com os seus soldados, desprezou-o e, escarnecendo dele, vestiu-o de uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos.”

Por que JESUS não abriu a boca nem as mãos para sinais e prodígios? Uma explicação é que se efetuasse um sinal desmontaria o feroz séqüito de asseclas acusadores, a elite judaica, os sacerdotes, de uma nação subjugada e conhecida pelos romanos como barril de pólvora, motivo que insuflou Pilatos a anuir com o homicídio de JESUS, enfim, se o fizesse não morreria e JESUS veio ao mundo e se entregou para morrer.

Mas isso não satisfaz, porque JESUS falou com Pilatos, ainda que sem demonstrar sinais. A primeira pista para responder isso está na vida do primo de JESUS, João Batista. Apesar da iniqüidade em prendê-lo, Herodes o ouvia por largas horas de boa mente – Marcos, capítulo 8, versículos 17 a 20:

“Porquanto o mesmo Herodes mandara prender a João, e encerrá-lo maniatado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, porquanto tinha casado com ela. Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão. E Herodias o espiava, e queria matá-lo, mas não podia. Porque Herodes temia a João, sabendo que era homem justo e santo; e guardava-o com segurança, e fazia muitas coisas, atendendo-o, e de boa mente o ouvia.”

Na festa de aniversário de Herodes, Herodias criou um estratagema para matar João. Mandou sua filha dançar e a tal ponto agradou que lhe ofereceu até metade do seu reino. Então consultou sua mãe, Herodias, e voltou requerendo a cabeça de João Batista numa bandeja. Herodes desgostoso ordenou a execução pela promessa em face dos presentes.

Ora, tudo o que João Batista fez na vida foi prenunciar a vinda do MESSIAS, JESUS, e o fez até ser preso. A mensagem de João começava com o apelo ao arrependimento. É certo que João falou de JESUS a Herodes e o argüiu a que deixasse o adultério descarado. Reconhecer-se pecador e renunciar o pecado é a primeira chave para encontrar JESUS, para o novo nascimento. Por isso viu mas não encontrou JESUS.

Pilatos não gozou esse privilégio, o de ouvir largamente a boca de DEUS na vida de um homem, João Batista, a “voz de DEUS no deserto” conforme profetizara Isaías capítulo 40 versículo 3 – "Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus" - , frisando ainda que dos nascidos de mulher ninguém era maior que João Batista segundo JESUS.

A despeito de tudo isso, preferiu o adultério. E o adultério encontrou um meio para extirpar a lâmpada de DEUS no palácio de Herodes. O pecado e o diabo trabalham assim. Herodes ouvira o que tinha de ouvir, Pilatos ainda não, daí JESUS falar com ele.

Arrepender e deixar o pecado é defenestrar o eu do trono da própria existência e reconhecer um novo reinado, o do rei JESUS assentado no trono do coração. Herodes não o quis. Seguiu senhor de si mesmo e escravo apesar de rei, escravo do pecado.

Como rei e rei de si mesmo, tentou extrair de JESUS sinais e prodígios. Quanto a esses, não precisava. Após decapitar João, Herodes passou a ouvir dos feitos extraordinários de JESUS, pelo que dizia que JESUS era João a quem decapitara. Ele sabia da relação, do vínculo espiritual João-JESUS. JESUS era o sinal de tudo o que João lhe dissera.

Mas preferiu postar-se como rei de si mesmo e desprezou JESUS quando infrutíferas as tentativas de presenciar um sinal. Não satisfeito, após a ressurreição de JEsUS, matou Tiago e prendeu Pedro.

Como rei de si mesmo e escravo do pecado, Herodes já estava condenado à morte eterna, ao inferno, mas conseguiu ascender a ira de DEUS ao aceitar adoração como se fosse um deus, o que abreviou seu fim.

Ao invés de ouvir a doce voz de JESUS, de presenciar seu poder, pelo arrependimento, pelo destronar-se de si mesmo, mergulhou nas trevas da morte eterna, aonde há choro e ranger de dentes, aonde o verme não morre e o fogo não se apaga – Atos, capítulo 12, versículos 21 a 23:

“E num dia designado, vestindo Herodes as vestes reais, estava assentado no tribunal e lhes fez uma prática. E o povo exclamava: Voz de Deus, e não de homem.E no mesmo instante feriu-o o anjo do Senhor, porque não deu glória a Deus e, comido de bichos, expirou.