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E S T R A N G E I R I C E S
"Uma estória de amor pelo diferente"

CAPÍTULO V - 16.08.2010
Por
Juliana Ximenes (*)

            E com o passar dos dias e meses, eu fui descobrindo, aos poucos, mais um pouco sobre aquele universo, dentro dos limites que ele me permitia saber. E veio o 11 de setembro. Eu acordo cedo com meu telefone tocando e ele me pedindo pra ligar a TV. Era dia em Sydney e noite em NY. Já fazia horas que o atentado tinha acontecido. Eu liguei no canal da Globo Internacional e não acreditei no que eu vi. Era surpreendente, angustiante e muito triste, mas, ainda assim, eu não tive, na época, noção da dimensão daquilo tudo, o que representava. Ele parecia dolorido no telefone, mas eu não compreendia.

            Nas semanas seguintes, mais um pouco de aprendizado. Comecei a ver com mais clareza o preconceito, do qual ele algumas vezes mencionava ser vítima, se tornar evidente. Uma tarde fomos juntos a um açougue português comprar pão de queijo. Chegamos dez minutos antes de fecharem e ele entrou primeiro, eu o segui. Ele aborda a portuguesa dona do açougue (sim, pão de queijo no açougue...) e pergunta sobre os pães de queijo, em inglês... ela o ignora solenemente e entra numa sala atrás do balcão... ouço ela falar em bom português para a a filha... diga que estamos fechando, não vou atender nenhum terrorista imundo... fiquei indignada! Repliquei em português: O que que foi que a senhora disse? Repete, pra eu ter certeza! Afe, que raiva! Ele me olhava entendendo sem entender... E a mulher idem, bestificada! Acho que a última coisa que ela imaginou era que um de nós falasse a língua dela. Aí veio a filha dela toda desconcertada e literalmente pediu desculpa pela mãe e perguntou o que a gente queria...a velha sumiu pra dentro... Eu virei as costas e o puxei para fora...

         Faltavam 2 ou 3 meses para o meu retorno ao Brasil. Ainda não era definitiva a decisão, mas era provável. Nesse meio tempo a relação amorosa tinha evoluído para uma amizade, ocasionalmente colorida... e eu já tinha feito outras descobertas sobre a vida dele... não era nepalês (e certamente ele teve um dos insights sobrenaturais dele quando me disse isso), muito embora tivesse sustentado a mentira até o último minuto... era Bangladeshi...; era muçulmano (eu só fui concluir isso muitos anos depois, já no Brasil); era divorciado (isso eu descobri ainda em Sydney... ele falava de uma ex-namorada, mas um belo dia deixou cair um envelope com o nome dela e sobrenome dele... e teve que admitir).

         Apesar de todas as confusões, novidades, omissões e mesmo mentiras, era um guri adorável, doce, companheiro... e amigo. Com ele derrubei preconceitos e abri a porta pra novas experiências... que se seguiram...

continua na próxima quinzena...

Quem é Juliana Ximenes?

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