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E S T R A N G E I R I C E S
"Uma estória de amor pelo diferente"

CAPÍTULO I - 16.06.2010
Por
Juliana Ximenes (*)

         Entre muitas coisas inusitadas que já aconteceram na minha vida, talvez a mais sensacional, até agora, tenha sido essa paixão que vi crescer dentro de mim por esse ser esquisito que mora há alguns milhares de quilômetros de onde estou...

         Cheia de peculiaridades, como muitas "estórias" de amor que ouvimos por aí... Talvez nem se possa mais falar em peculiaridades, já que muitos fatos hoje são lugar-comum: “amor” virtual, namoro à distância, conflito cultural... O mais curioso, no entanto, foi a sensação de encontro, de me achar no diferente, ou no super diferente, no caso.

         Eu o “conheci” há cerca de 08 anos atrás, quando retornei de um intercâmbio em Sydney, na Austrália. Lá tive a oportunidade de conhecer um pouquinho de quase todas as culturas, eu diria. Sempre tive curiosidade em relação a tudo que era estranho, e o Oriente, pra mim era muito muito estranho e, consequentemente, um mundo interessantíssimo. Só que eu sabia pouco... digamos que a minha maior fonte de informações era o bairro da Liberdade, em São Paulo...tive alguns colegas de faculdade japoneses, coreanos, chineses... uma amostra muito limitada perto da vastidão do “lado esquerdo da Terra”. Minha visão sempre foi a de que o Oriente era terra de pessoas cultas, disciplinadas, espiritualizadas e reservadas. Uma visão um tanto estereotipada...ou não. Mas, ignorava por completo os conflitos, os dramas, a miséria e os problemas que também existem por lá. Não que intelectualmente não soubesse o que se passava... Sempre amei história, geografia e toda a complexidade das relações internacionais, mas... emocionalmente colocava de lado tais informações, e me apegava às minhas idealizações.

         Quando cheguei em Sydney, desmistifiquei... Posso estar errada, mas eu assumiria que cerca de 50% da população lá é asiática, se não é tudo isso, é gente bastante pra me fazer achar que é ...

         Em casa, as opiniões sobre os povos asiáticos sempre foi dividida... minha mãe sempre muito preconceituosa – pessoazinha ocidentalizada, com todos os ranços que são possíveis e aplicáveis a esta condição –, e meu pai, o mais democrático dos seres – que de uma forma ou de outra, sempre alimentou minha curiosidade, seja lendo trechos de seus livros sobre líderes espirituais indianos, seja simulando comigo e minha irmã aulas práticas (e cômicas) de Yoga. Enfim, só sei que na minha adolescência, um dos meus grandes planos para a vida adulta era levar meu pai pra meditar no Nepal em uma daquelas cavernas citadas nos livros que ele me lia.

         Já na Austrália, meu primeiro grupo de amigos era coreano. Fui estudar em uma escola situada num bairro “coreano” próximo ao bairro “italiano” em que eu morava (Lá na Austrália, a exemplo do Brasil, existe uma variedade de culturas e nacionalidades, mas diversamente do nosso país, ainda há pouca miscigenação, e pessoas de mesmo país tendem a se aglomerar numa mesma região... isso pra mim ficou bem nítido (em Sydney pelo menos). Me divertia...

         Passada a fase de adaptação, percebi que aquelas pessoas eram criaturas extremamente dóceis. Eu era, para eles, uma espécie de alienígena e eu bem sei que eles adoravam rir às minhas custas. No intervalo, costumávamos nos reunir no pátio, eles conversavam na língua deles, enquanto eu passava o tempo fazendo leitura corporal. Eu contava pontos ganhos quando percebiam que falavam de mim ou algum tema específico e perguntava: why are are u talking about...? (Por que vocês estão falando sobre...?). Eles chocavam e coravam.

         Um mês após a minha chegada, conheci um ser que se tornaria um grande companheiro de baladas, passeios e viagens... de alguma forma, um dos amores que tive. Dividi muitas coisas com ele, só que ele não dividia comigo muitas coisas de sua vida. Demorou um tempo pra eu entender.

continua na próxima quinzena...

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