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E S T R A N G E I R I C E S
"Uma estória de amor pelo diferente"

CAPÍTULO XV - 16.01.2011
Por Juliana Ximenes
(*)

No dia seguinte, ele surge... não me recordo agora em que momento, e me diz oi normalmente, eu nem me preocupo com saudações e vou direto ao ponto: “O que foi aquilo ontem?” Ele: “Aquilo o que?” (com o passar do tempo eu cheguei a conclusão que ele de fato tem um prazer mórbido em me irritar!). Eu digo que não entendi a mensagem, e muito menos o fato dele ter ido embora sem ter me dado tempo para uma resposta. Ele pergunta: “O que estava escrito na mensagem?” Eu repito o que ele disse, só que um detalhe curioso, eu omito a parte na qual ele diz que me ama. Sinceramente não sei porque fiz isso, um ato falho talvez (bom não era uma ação, então “uma omissão falha”, sei lá).

Então ele diz: “É, eu falei tudo isso, mas você esqueceu de mencionar a parte mais importante... em que eu digo que amo você.” Um pouco tensa, eu retruco: “Mas, o que você quis dizer com isso? Afinal, você já tinha dito uma vez que gostava de mim, que eu era uma amiga muito querida.” Ele: “Não, dessa vez o que eu disse é diferente, eu amo você e não é como amigo... Eu não sei o que acontece comigo, mas eu só sei que quando eu pensei em fazer o que você me pediu, parar de falar com você, e quando depois de um certo tempo eu percebi que esse tempo era indefinido, daí eu comecei a pensar como seria acordar e não falar mais com você, como era não ter mais você na minha vida e eu fiquei um pouco emocional, e depois perturbado quando me dei conta do que eu sentia, e aí, quando eu vi você online de novo, mas sem falar comigo, eu não aguentei e explodi e agi que nem um estúpido indo embora de repente... E eu não sei o que é isso que ta acontecendo comigo, mas eu sinto todas aquelas coisas que você me descreveu há semanas atrás... Eu estou apaixonado por você.” Pois é...pensei, ih, F$#@*! Estávamos irreversivelmente apaixonados...        

Eu a essa altura já tinha deixado cair por terra minha resistência aos fatos, eu sabia que era algo absolutamente improvável, mas me fazia um tantinho feliz, eu sentia falta de paixão na minha vida e pouco a pouco fui tomada por ela. Todas as racionalizações anteriormente feitas ainda me perturbavam, e só as poderia rebater com novas racionalizações. Foi quando eu comecei meu “trabalho de campo”. Fui pesquisar pra tentar descobrir se o improvável era possível. 

Em uma de nossas conversas ele havia comentado sobre o relacionamento entre muçulmanos e cristãs. Até então eu achava que não era permitido o envolvimento interreligioso. Ele havia me dito que homens muçulmanos poderiam se casar com mulheres cristãs e judias, nos termos do Corão, mas que uma mulher muçulmana não poderia se casar com um homem de outra religião (mais tarde descobri – porque ele próprio pulou essa parte e só ratificou minha “pesquisa” tempos depois – que a razão disse é que, segundo o Islamismo, o homem é o responsável pela direção da casa e educação dos filhos; e que uma mulher, por sua suposta fragilidade, atribuída pelo Corão, teria que ceder frente ao marido de outra crença no tocante à religião dos filhos). Nessa época aprofundamos nossas discussões sobre questões culturais e religiosas, mas eu sempre saía com a impressão de que algo não fora dito, de que eu tinha esquecido alguma pergunta, ou de que qualquer coisa que ele disse era incrível demais para ser verdade, então não era digerido, passava direto... Eu ainda não tinha idéia das controvérsias, dos dramas e das brigas que adviriam...

Certo dia, “dei um google” no tema, e de cara me veio o link: http://www.espacoacademico.com.br/059/59barros.htm. Cliquei e surpresa vi que existia um filme, uma co-produção anglo-belga-ítalo-germano-espanhola (ufa), chamado Ae Fond Kiss (ou Apenas um beijo, em português), que trata do dilema enfrentado por um jovem de origem paquistanesa que se apaixona por uma cristã irandesa, cuja família (do mocinho!), seguindo as tradições, pretende casá-lo com a prima paquistanesa. Precisava ver o filme imediatamente, naquele exato minuto. Enlouqueci... Tentei várias entradas, achei muitos outros comentários, mas nada do filme. Nenhuma locadora tinha a droga do dvd. Que irritante! Resolvi procurar em sites internacionais...o jeito seria comprar. Bingo! Com muita sorte, achei o filme em um site de uma loja brasileira que vende dvds importados. O último!!! Eu acho que fiz a transação em cinco minutos, com medo que alguém comprasse antes de mim... como se o filme fosse um blockbuster...  Entre pagamento, confirmação e entrega o prazo dado era de cinco dias úteis. Muito tempo pra tanta ansiedade... Li todos os textos, comentários e críticas, o que só aguçava ainda mais minha curiosidade...

Foi então que tive “a idéia brilhante” rs, localizei no youtube um clipe sobre o filme -> http://www.youtube.com/watch?v=CFoY6wk8iAQ .

Assisti ao clipe cerca de 659.834 vezes, só que ainda teria que esperar alguns dias pelo filme... mas, eles ficam juntos ou não no fim? Pedi ao hathi (é assim que identificarei meu guri paquistanês a partir de agora) que assistisse ao filme, duvidando que em pleno Paquistão ele fosse localizar o dvd que quase não acho aqui. E não é que o infeliz encontrou!? No mesmo dia em que falei.

Faltavam agora dois dias pra entrega do meu filme, ele tinha acabado de assistir e veio online falar comigo. Eu: “E aí? Eles ficam juntos?” Ele (fdp!): “Não vou contar, já esperou tanto tempo... quando chegar você vê...” Afff Eu: “presta?” Ele: “Tem algumas coisas questionáveis...” Começavam as controvérsias...

Nesse interim, revendo o clipe, li o comentário feito em espanhol por uma pessoa que se dizia na mesma situação do filme. Fiquei surpresa e aliviada, eu não era a única descompensada apaixonada. Precisava conversar com a guria, saber qual era a estória dela... que nem quando alguém descobre uma mania, um gosto, um problema esquisito e precisa compartilhar com iguais, pra não se achar um alienígena... Mas, não tinha qualquer informação dela, além da mensagem... foi quando por um link percebi que ela tinha uma conta no site e que era possível mandar mensagens para uma caixa pessoal... Mandei a mensagem... e em minutos uma equatoriana me contava como que se apaixonara por um marroquino.

continua na próxima quinzena...

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