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E S T R A N G E I R I C E S
"Uma estória de amor pelo diferente"

CAPÍTULO XXV - 16.06.2011
Por Juliana Ximenes
(*)

Comecei a ligar atrás de informações e ir nos lugares onde supostamente informavam sobre os vistos, foi um sem fim de contatos que me consumiram quase dois dias em Dubai, uma tristeza. Nem uma boa alma me dava uma informação correta e completa. Invariavelmente me desligavam o telefone na cara, diziam que não sabiam a informação ou, como aconteceu com os árabes que ficam na imigração no aeroporto, simplesmente me ignoravam. Reunindo o quebra-cabeça de informações que eu tinha, eu saía de Dubai e meu visto de visitante era cancelado, e não havia a possibilidade de tirar um outro visto em menos de um mês. Eu poderia ter sim um visto de trânsito, pra ficar até noventa e seis horas em Dubai e deixar os Emirados neste prazo máximo. Mas, meu problema é que todas as minhas passagens estavam com datas pré-definidas e minha idéia era ficar pouco mais de cento e vinte horas em Dubai na volta. Me falavam que exceder o prazo das noventa e seis horas implicaria em multas e black-list (três anos sem poder entrar no país). Tentei alterar as datas das passagens, avançar em um dia a ida e a volta do Paquistão. Não tinha jeito, sem vagas, só se e ficasse em Lahore até a véspera do meu embarque pra o Brasil e só retornasse a Dubai por algumas horas. Sem chances! Eu queria conhecer melhor Dubai e definitivamente não pretendia me arriscar por mais do que três dias no Paquistão. Foi quando conversei com a Cintia, brasileira casada com um paquistanês que mora em Lahore, e expliquei a situação difícil em que me encontrava... foi quando vi como eram essenciais bons amigos e muita vontade. É a velha história: “quando se quer muito algo, o universo conspira a seu favor”.  

Coincidentemente, o marido dela estava lá na mesma época, e o guri foi muito gente boa. O cunhado que mora lá com a irmã dele é empresário e tem contatos com empresas de origem paquistanesa com filiais em Dubai. Resumo da ópera: descolei um visto de entrada para Dubai de TRABALHO!  Essas pessoas foram absurdamente gentis comigo. Quando eu penso que pude contar com o apoio de gente que não me conhecia pessoalmente, mas que fez de tudo para que eu me sentisse bem e segura volto a ter esperanças na humanidade. Pode parecer piegas, mas com tantos conflitos que existem por questões culturais e religiosas no mundo, é legal saber que existem sim muitas pessoas legais, dos mais variados lugares, costumes, que superam as diferenças e olham o outro literalmente como “o próximo”. Eu me senti acolhida.

Alguns dias antes de eu viajar, o marido da Cintia veio me buscar pra resolvermos a questão do visto. Nos encontramos, 'viajamos' até um emirado próximo onde moravam seus parentes, Sharjah (um lugarzinho quente pra c@#$%&%, que segue estritamente os costumes islâmicos – não tem tanta abertura como Dubai -, cheinho de gente esquisita, com ruas de areia e prédios antigos onde as pessoas moram apinhadas). Depois de cerca de uma hora de estrada, milhões de pedágios e paradas em lugares que eu não saberia definir, chegamos em Sharjah, paramos em um shopping center lindo, que contrastava com toda paisagem ao redor e compramos Mc Donald´s pra comer com toda a família... ahn? Pois é, de lá fomos ao apartamento da irmã e do cunhado, uns fofos, com duas crianças paquistanesinhas lindas, fofas e espertíssimas. Na entrada dou de cara com um senhor de barba longa e laranja, que me olha com espanto (cada uma! E eu que sou esquisita!?). Imediatamente, me arrastam pra dentro do quarto, onde eu fico brincando com uma das crianças e conversando com a mulher. Depois de algum tempo me chamam pra almoçar na sala. O velho tinha ido embora e, pelo que entendi, era um scholar dando aulas sobre o Corão para a menina mais velha. 

Sentei pra comer com as crianças, quando de repente a porta do quarto se abre, num primeiro momento não notei, só depois que percebi que havia uma webcam apontada em minha direção, simplesmente registrando eu comer... quase tive um troço. Tenho pavor de ser observada, ainda mais comendo... aff. Vem a cunhada da Cintia sorrindo me explicando que a mãe, no Paquistão, estava querendo me ver e que, portanto, ele havia ligado a câmera para que a curiosa senhora apreciasse a visão. Engasguei... respirei fundo, olhei pra webcam, sorri, dei tchauzinho e relaxei... Meu lema é: tá no inferno, abraça o capeta... bem, durante essa viagem tivemos que nos confraternizar bastante. No fim das contas foi um dia inusitado, maravilhoso e incrivelmente divertido.

continua na próxima quinzena...

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