O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, acredita que os resultados positivos da companhia aparecem muito pouco. O executivo elogia ações como o Proinfa, que desde sua implementação reduziu o custo da energia eólica de R$ 300 o MW/h para R$ 130 o MW/h. "Além de viabilizar preço competitivo, [o Proinfa] trouxe para o Brasil pelo menos seis fábricas de aerogeradores que atendem o mercado interno e até exportam."
Carvalho Neto menciona ainda outro programa de governo, o Luz para Todos, que já atende 13 milhões de pessoas em mais de 2,6 milhões de residência, superando as metas iniciais. O Procel, de eficiência energética, também é citado e o executivo lembra que, no ano passado, o programa permitiu uma economia correspondente à adição de uma usina de 1.500 MW ao sistema elétrico.
A responsabilidade por tantos programas do governo gerenciados pela empresas, nem todos rentáveis e outros sob suspeita de beneficiar apenas o grupo, como é o caso da Reserva Global de Reversão (RGR), são uma mostra de como a empresa está distante do sonho de boa parte dos investidores privados que têm ações da companhia na carteira. O executivo diz que eles não pesam no resultado. "Isso é o resultado que a empresa dá para a sociedade, que considero muito importante", afirma.
No ano passado o lucro líquido consolidado da Eletrobras foi de R$ 2,25 bilhões. O presidente da companhia também defende a estratégia de internacionalização, inclusive a possível aquisição de uma fatia da EDP, de quem a Eletrobras é sócia nas usinas Lajeado e Peixe Angical. A estratégia, segundo Carvalho Neto, é investir nos negócios internacionais apenas 10% do orçamento da Eletrobras, que este ano é de R$ 10 bilhões.
Carvalho Neto revela que o interesse inicial na EDP era comprar uma fatia de 5% para conseguir um assento no conselho de administração, além de adquirir parte da operação de usinas eólicas nos Estados Unidos. "Aí aconteceu esse problema de crise econômica de Portugal e hoje a gente não sabe se o governo português gostaria de ficar ainda com uma parcela da EDP ou se quer privatizar tudo", explica, acrescentando que ainda não há definição sobre a estratégia que a Eletrobras utilizará para comprar a fatia que o governo português deverá colocar à venda. "Temos que ver as condições. Dependendo de como for, poderemos nos interessar ou não", destaca.
A defesa da
internacionalização não fica apenas na
compra de uma fatia na EDP. Carvalho
Neto rebate riscos à construção de
usinas em países vizinhos e se mostra
otimista em relação ao projeto da
hidrelétrica de Inambari. no Peru, que
teve a concessão suspensa. Para ele,
basta que seja criado um arcabouço
jurídico baseado em tratados entre o
Brasil e as nações vizinhas, a exemplo
do que acontece em Itaipu. "Quando
vamos entrar em projeto desse tipo,
primeira coisa que tem de ter é tratado
entre os países", diz.
FONTE:
Valor online.