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M O T I V A Ç Ã O   &   E M P R E E N D E D O R I S M O
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Conectados com o futuro
Por Denise Amaral (*)

Transformar-se em adulto nunca foi uma tarefa fácil. Nos dias de hoje, então, a adolescência representa um desafio imenso – deixar de ser criança sem comprometer a inocência, abraçar as mudanças sem corromper os princípios, lapidar a forma sem deteriorar o espírito. 

É uma fase de transição da qual não se escapa, cheia de arestas que precisam ser cuidadosamente lapidadas, sob pena de deixar marcas profundas pelo resto da vida. Uma tarefa árdua, e ao mesmo tempo deliciosamente doce e perfumada – tudo depende da forma como é levada, do apoio que se recebe, da orientação amiga, do suporte emocional e também da estrutura social que está por trás das experiências e das escolhas de cada menina, de cada menino.

O jovem adolescente está delineando seus caminhos, está determinando suas metas, está se preparando para ser aquilo que deseja. E suas opções vão estar sempre alastradas sobre as coisas que conhece, os exemplos que teve, e as oportunidades que lhe são oferecidas. Da mesma forma que não sonhamos com as coisas que não conhecemos, utilizamos o material que está ao nosso alcance para construir nossos castelos. E a mente do jovem trabalha com os estímulos que recebe – seus sonhos limitados pela realidade que vê descortinar-se à sua frente. Dê-lhe asas, e ele alcançará as alturas. Prenda-o à mediocridade de uma sociedade exploradora e preconceituosa, e ele pouco mais será capaz de fazer além de se conformar a um destino que o condena.

Como falar de amor e respeito para a geração do imediatismo? Como explicar que as sensações, por mais agradáveis que sejam, são efêmeras e incapazes de saciar a necessidade humana de amor e aceitação, de apoio e companheirismo?

Jovens habituados a saciar a fome sem se questionar sobre as conseqüências de uma alimentação pouco ou nada saudável transportam o mesmo raciocínio para os outros apetites que encontram pelos caminhos de seu desenvolvimento físico e emocional. Satisfação imediata apesar de vazia, escolhas baseadas no apelo aos sentidos, no lugar de opções mais sábias, com efeitos positivos e duradouros.

É muito difícil fazer com que os jovens de hoje enxerguem além dos efeitos externos de uma “popularidade” que se traduz em falta de amor-próprio, auto-respeito prejudicado, e uma visão insegura de si mesmos.

Cada ser humano é um tesouro de força e de capacidade criativa, de amor e de exemplos positivos – não pode agir como se valesse tanto quanto uma porção de batatas fritas.

Uma pessoa inteligente e forte, que teve a oportunidade de compreender toda a sua capacidade de criar e de modificar o mundo, e que soube se preservar da corrupção de uma sociedade permissiva e de moral deteriorada, é capaz de escrever capítulos decisivos na história da humanidade. Seja como principal protagonista, seja como o apoio firme por trás das decisões corajosas de outras pessoas.

Mas é difícil compreender a amplitude do tempo quando lidamos com jovens habituados à satisfação imediata de suas solicitações e desejos, acostumados ao mega alcance da Internet e dos telefones celulares. As mensagens chegam com velocidade sem precedentes e os conceitos são absorvidos em velocidade equivalente. Não há tempo para raciocino crítico, para escolhas equilibradas.

Qualquer esforço no sentido de tentar fazer com que os jovens entendam que a vida compreende um período de tempo maior do que o dia de hoje e as próximas semanas vai de encontro direto com o conceito reinante de que o amanhã – se é que existe – simplesmente não importa, porque está longe demais.

Com o desejo próprio da idade de fazer parte de um grupo e de ser aceito por ele, tomam decisões com as quais terão que conviver pelo resto de suas vidas. E hoje, com o compartilhamento de cada passo que dão através das redes sociais, os jovens mascaram a exposição total e documentada com a sensação de estarem “conectados”. Simplesmente ignoram o fato de que conciliar as aventuras e experiências consideradas “normais” na juventude, com o equilíbrio estético e a postura própria de uma posição social de destaque no futuro é tarefa para Hércules, muito distante da capacidade de meros mortais como a maioria de nós. O resultado é frustrante, para não dizer desastroso, pois a garota popular de hoje, por exemplo,depois de ser substituída com a mesma velocidade com que foi um dia escolhida, vai ter que necessariamente encontrar um lugar produtivo na sociedade já que, mesmo que abra mão de seu ideal efêmero de felicidade, ainda terá que sobreviver. O menino desregrado e completamente escravo das exigências descabidas de uma geração irresponsável vai enfrentar a comparação e a concorrência quando seus ideais forem finalmente substituídos pelo desejo de sucesso profissional e estabilidade.

Quem se lembra de sua própria adolescência sabe como é difícil enxergar sabedoria e experiência nas posições “antigas” e conservadoras dos pais. Como o conceito de preocupação e cuidado com o bem estar e a segurança dos filhos são facilmente confundidos com controle descabido e desrespeito à liberdade dos jovens. Mas quando os papéis se invertem, e deixamos de ser controlados para nos tornarmos os controladores, buscamos continuamente uma forma de fazer com que os jovens compreendam que há uma razão profunda por trás de cada conselho, de cada cuidado, de cada orientação. E que um “não”, hoje, vai provavelmente se transformar na chave que abrirá muitas portas, amanhã.

E para não corrermos o risco de transformar a firmeza em restrição descabida e muito provavelmente desafiada, devemos saber como oferecer razões e demonstrar o amor irrestrito e desinteressado que suporta e direciona cada uma de nossas palavras e cada uma de nossas decisões, por mais duras que possam, à primeira vista, parecer.

Educar nunca foi tarefa simples, mas educar em uma sociedade permissiva que valoriza o imediato e o passageiro em detrimento dos valores que permanecem, e que elevam o ser humano, transformou-se em desafio sem precedentes.

A comunicação ainda parece a melhor ferramenta. E tentar compreender, para não exigir o impossível. As informações negativas chegam de várias fontes e atacam por todos os lados, muitas vezes camufladas pela noção falha de que “se todo mundo faz, é correto”. Se formos analisar com mais cuidado, o “todo mundo” não vai passar de uma meia dúzia que gosta de ostentação e tumulto. O desafio é mostrar que existe, de fato, um futuro. E que o que construirmos hoje deverá ser firme o suficiente para resistir ao tempo, e capaz de suportar o fato de que, mesmo que a memória humana não preserve atitudes passadas, a memória eletrônica se encarrega de manter vivas e irrefutavelmente documentadas cada uma das informações que recebe. E as disponibiliza para quem buscá-las, seja para ajudar, seja para prejudicar.

(*) Denise Rodrigues do Amaral é escritora, advogada e pós-graduada em Teoria da Comunicação, especialista em comunicação e produtividade.
É autora do livro "Crianças podem voar", publicado pela Editora Internacional e possui mais de 400 editoriais publicados na área de relacionamento no trabalho.

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