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C O M P O R T
A M E N T O
0 1 / F E V E R E I R O /
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Comportamento
seguro
Por Tom Coelho
(*)
“Aprendemos pela amarga experiência que a
segurança
somente para alguns é a insegurança para
todos.”
(Nelson
Mandela)
O trágico acidente ocorrido na Linha Amarela, no Rio
de Janeiro, quando um caminhão com a caçamba levantada colidiu contra uma
passarela deixando cinco mortos, é um triste exemplo de um padrão de
comportamento que precisa ser revisto por toda a sociedade.
Seja em trânsito, no trabalho, em casa ou em um espaço público, a segurança é um
fator rotineiramente negligenciado. Assim, dirigir dez quilômetros acima da
velocidade permitida em uma via é tido como normal e até aceitável, afinal, está
inclusive dentro da tolerância dos radares eletrônicos para caracterização de
multa. Subir em uma banqueta para trocar uma lâmpada, sem usar luvas ou óculos
de proteção e sem desligar a alimentação de energia elétrica, é praxe em
qualquer residência.
Segundo o Ministério da Previdência Social, por meio de seu Anuário Estatístico,
os acidentes laborais notificados no Brasil ultrapassam a marca de 710 mil, com
mais de três mil óbitos todos os anos. Isso significa cerca de duas mil
ocorrências por dia, ou seja, enquanto
você lê este artigo, ao menos três pessoas se acidentaram em algum lugar de
nosso país. E os números
certamente são ainda maiores, pois muitos eventos simplesmente não são
registrados.
O principal fator é o desrespeito com relação ao risco. As pessoas acham que
nada de ruim lhes acontecerá, afinal, o mal está sempre ocupado com outrem. Por
isso, as empresas precisam tanto insistir na obediência a regras, normas,
procedimentos, sinalização e uso de equipamentos de proteção, combatendo
permanentemente a famosa “gambiarra”. Esta é a retórica constante durante as
SIPATs (Semana Interna de Prevenção de Acidentes no trabalho) organizadas pelas
empresas em cumprimento à legislação.
A atenção deve ser permanente, seja no exercício da atividade profissional,
sobretudo em tarefas operacionais e naturalmente com caráter repetitivo, seja ao
subir e descer escadas, ou transitando com crianças em centros de compras, onde
recorrentemente menores se acidentam e até perdem a vida em escadas rolantes.
Outro aspecto é a responsabilidade pessoal. No acidente mencionado no início do
texto, o próprio motorista consentiu ter ciência de que trafegava em horário não
permitido, acima do limite de velocidade e falando ao celular. Lamento por ele e
por seus familiares, mas o fato é que isso não poderia ser tratado como crime
culposo, quando não há a intenção de matar, mas sim doloso, pois ao infringir
todas as regras acima o condutor estava conscientemente praticando delitos.
Aliás, foi esta conjunção de fatores que o impediu de observar que a caçamba
estava levantada.
Precisamos urgentemente colocar a segurança como uma prioridade. Ela precisa ser
inserida na carta de valores das empresas, nas políticas de treinamento, nas
aulas no ensino fundamental. Desenvolver uma cultura de prevenção não é algo que
se alcança de um dia para outro. É um processo, árduo, lento e trabalhoso que,
como tal, precisa de um primeiro passo. Afinal, na atitude de cada um está a
segurança de todos.
Eu não acreditava que "zero
acidente" fosse uma
meta possível, em especial em organizações com muitos colaboradores, mais de um
turno de trabalho, e empresas parceiras atuando na mesma planta de
atividade. Até o dia em que fui descer um simples lance de escadas. O detalhe:
em meus braços estava minha filha recém-nascida, com apenas três
dias de vida. Aquela
cena, tão cotidiana, fez-me compreender que para não colocar a integridade dela
em risco, era necessário, mais do que cuidado e atenção, adotar o comportamento
seguro como hábito.
Desde então, tenho sido um observador e estudioso dos ambientes de trabalho,
levando sensibilização, conscientização e instrumentalização às empresas
dispostas a buscar, com liderança e trabalho em equipe, o zero
acidente.
(*)
Tom
Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17
países. É autor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e
comportamento” (Flor de Liz, 2011),
“Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”
(Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail
[email protected].
Visite:
www.tomcoelho.com.br.
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