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C O M P O R T
A M E N T O
0 1 / N O V E M B R O /
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Gestão
empresarial em tempos de crise
Por Tom Coelho
(*)
"Gestão e sobrevivência
andam lado a lado"
(Joseph Carvalho)
Se o término das eleições definiu o cenário político
para os próximos anos, o mesmo não se pode dizer com relação às perspectivas
econômicas. Nossa atual conjuntura aponta para um crescimento próximo a zero
neste ano e grande pessimismo para 2015. A inflação ultrapassou a meta definida,
os gastos públicos bateram recorde, voltamos a ter déficit nas transações
internacionais, a renda per capita encolheu e a indústria perde continuamente
participação no PIB nacional. Até mesmo o desemprego em queda é ilusório, haja
vista que é mensurado com base na estatística de pessoas que estão em busca de
emprego, índice este declinante em decorrência dos programas sociais. Prova
disso é que os pedidos de seguro-desemprego estão em ascensão, podendo atingir
nove milhões de pessoas neste ano, o que pode ser qualificado como, no mínimo,
contraditório.
Economistas e cientistas políticos concordam que a correção da rota passa pelas
reformas política, fiscal e tributária. O governo precisa elevar sua poupança,
reduzir os gastos da máquina e ao mesmo tempo investir em infraestrutura;
necessita aumentar a arrecadação, mas diminuir a carga tributária para estimular
a produção e elevar a competitividade.
Enquanto estes impasses são discutidos, cabe aos empresários cuidarem de
seus próprios negócios. Afinal, a macroeconomia tem impacto no longo prazo e a
gestão microeconômica tem que ser feita aqui e agora. Seguem sete
passos para reflexão:
1. Repensar o negócio. Analise seus produtos e/ou serviços
considerando as demandas dos consumidores e as ações de sua concorrência. Você
poderá concluir que é hora de reduzir seu portfólio, enfatizando os itens mais
expressivos onde sua competitividade seja maior, ou ampliar a carteira, buscando
atingir novos nichos de mercado.
2. Planejar. Elabore um plano estratégico para um horizonte
mínimo de doze meses, tendo em vista três cenários possíveis: estagnação, com
manutenção das vendas obtidas no decorrer deste ano; retração, com queda nos
resultados; e evolução, com crescimento do faturamento. Prepare-se para agir
diante de qualquer situação conjuntural.
3. Reduzir custos. Verifique todos os seus processos, de
administrativos a operacionais, a fim de identificar meios para cortar custos
sem evidentemente impactar a qualidade. Isso poderá conduzir à necessidade de
investimentos em infraestrutura possibilitando elevar a efetividade, ou seja,
fazer mais e melhor com menos recursos físicos e financeiros, envolvendo também
menos tempo e pessoas.
4. Administrar as finanças. A falta de capital de giro é um dos
maiores problemas corporativos, em especial das empresas de pequeno e médio
porte. Por isso, é necessário ter austeridade na gestão do caixa. Isso significa
cuidado na obtenção de crédito e vigília constante dos índices de endividamento,
pois é impossível vencer os juros compostos. Atenção também com as vendas a
prazo e com o sistema de cobrança dos inadimplentes.
5. Capacitar a equipe. O caminho para elevar a produtividade e,
consequentemente, a competitividade, passa pelo investimento em sua equipe.
Considerando-se o baixo nível de preparo com que os profissionais chegam ao
mercado, decorrência direta da qualidade de nosso ensino, cabe a você instruir,
treinar e desenvolver seus funcionários. Assegure-se de que estão alinhados à
cultura de sua empresa, que conhecem seus produtos e/ou serviços, e que entregam
aos clientes internos e externos um atendimento exemplar. Trabalhe para elevar o
nível de engajamento dos mesmos, através de políticas de remuneração variável
baseadas no êxito, programas de reconhecimento e valorização e construção de um
clima organizacional próspero. E, como sempre digo, lembre-se: contrate devagar,
mas demita rápido.
6. Vender mais. O coração de qualquer empresa está no
departamento comercial, responsável pela origem das receitas. Para apoiá-lo,
acione os mais diversos instrumentos de marketing, buscando mostrar-se ao
mercado e difundir seus diferenciais. Você pode optar por campanhas para
promover o desejo e o impulso do consumidor por seu produto e/ou serviço, ou
ações mais institucionais capazes de potencializar a credibilidade e a reputação
da marca. Escolha os meios e veículos adequados para divulgação e não
desconsidere a força das mídias sociais.
7. Administrar impostos. Quanto mais competitivo for o seu
mercado de atuação, impondo margens menores que exigem volumes crescentes para
alcançar resultados satisfatórios, mais relevante será o cuidado com a carga
tributária que impacta o seu negócio. Assim, consulte seu contador sobre a
viabilidade em alterar seu regime de tributação do lucro real para o presumido
ou aderir ao Simples. Considere também a possibilidade de desmembrar sua
companhia em duas, ambas optantes pelo Simples, a fim de distribuir o
faturamento e usufruir de alíquotas reduzidas. Consulte também outras formas de
elisão fiscal (redução legal de tributos).
Todas estas ações básicas são essenciais para perseguir a sustentabilidade de
seu negócio, embora não sejam as únicas, nem tampouco garantia plena de sucesso.
Mas elas estão ao seu alcance e independem das decisões tomadas em âmbito
político.
(*)
Tom
Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17
países. É autor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e
comportamento” (Flor de Liz, 2011),
“Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”
(Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail
[email protected].
Visite:
www.tomcoelho.com.br.
MATÉRIA AUTORIZADA
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