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C O L U N A     D E     E C O N O M I A
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O papel da educação
Por Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque (*)

Entre 2004 e 2008 o PIB brasileiro registrou elevados índices de crescimento, em média 4,8% ao ano. O crescimento da economia mundial nesse período teve grande peso para isso. A partir de 2009 o quadro começou a mudar e hoje o país anda para trás.

O crescimento econômico entre 2004 e 2008 foi viabilizado porque o Brasil contava com um número elevado de trabalhadores desempregados. Com a expansão econômica acelerada em um período relativamente longo foi possível incorporar essa mão de obra ociosa na atividade produtiva. A economia crescia, mais pessoas tinham emprego e renda e a pobreza foi reduzida.

A situação econômica de um grande número de pessoas melhorou no Brasil nos últimos anos. Porém, ainda há um enorme contingente de famílias vivendo em situação precária. Para resgatar esse grupo e manter o que já foi conquistado, o país precisa voltar a crescer de modo acelerado e por longo período. O problema é que a economia brasileira não conta mais com o estoque de mão de obra ociosa de dez anos atrás.

A chave para o Brasil voltar a crescer, dada a restrição de mão de obra, passa pela maior produtividade da economia. Mas, há entraves a serem removidos para que isso ocorra. Um dos mais expressivos se refere à educação.

Cabe dizer que, na última década a média de estudo dos trabalhadores formais aumentou dois anos. Tal fato deveria ter melhorado a produtividade, mas isso não ocorreu.

Dois são os motivos da produtividade não ter melhorado com o aumento da escolaridade do trabalhador. O primeiro é a péssima qualidade da educação brasileira. O analfabetismo funcional é um sério obstáculo para a eficiência da mão de obra. Para se ter uma ideia, segundo o Instituto Paulo Montenegro, cerca de 38% das pessoas com nível universitário no país estão nessa situação. Ou seja, não conseguem compreender e interpretar textos usuais e têm dificuldades para resolver operações matemáticas básicas. Uma constatação estarrecedora.

Outro aspecto no âmbito educacional que trava a produtividade se refere à falta de alinhamento entre os conhecimentos que as escolas e universidades transmitem e o que as empresas precisam para serem mais produtivas. Ou seja, há uma dissociação entre o acadêmico e o técnico no país que impacta negativamente sobre a produção.

O Brasil precisa de uma revolução em seu sistema educacional. Não basta jogar pessoas em salas de aula e dizer que elas têm maior escolaridade. Quantidade deve ser combinada com qualidade. Além disso, é indispensável valorizar e flexibilizar o ensino técnico no país, colocando-o em sintonia com a área acadêmica e com as necessidades das empresas, como fazem Suíça, Austrália e Coréia do Sul, por exemplo. Sem ações eficazes nessas áreas a pobreza continuará sendo uma vergonha nacional e muito do que foi conquistado estará em risco.

(*) Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque é doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas.
Internet: www.marcoscintra.org / E-mail: [email protected] - Twitter: http://twitter.com/marcoscintra.

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PUBLICAÇÕES AUTORIZADAS EXPRESSAMENTE PELO DR. MARCOS CINTRA
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