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16.07.2004
I N T E L I G Ê N C I A P O L Í T I C A
A Revolução
pelo Genoma Humano-DNA e as Novas Técnicas de Investigação Científica
Por Marcílio Novaes Maxxon
Neste artigo, em nossa coluna, esperamos puder ajudar o nosso leitor a desmistificar
algumas das retóricas por trás da revolução genética dos últimos 50 anos.
Bem como também, homenagear James Watson e Francis Crick, no aniversário de 50
anos da descoberta do DNA e da genética através dos avanços produzidos por
suas descobertas. Analisando, dentro da ótica da
ciência e da história da genética até os últimos avanços da Terapia Gênica
e Pesquisa de Stem Cells (Células Tronco).
A ANATOMIA DO DNA
Mortos não
falam. Ou será que falam? No mundo da investigação criminosa, um fio de
cabelo pode ter as respostas que um detetive esteja procurando, uma unha pode
fornecer um indício vital, e um cadáver é um corpo inteiro de informação. A
investigação da cena de um crime é um processo cuidadoso de localizar pedaços
aparentemente desiguais de informação. Ao encarar o desafio de um crime
horrendo e particularmente misterioso, políciais locais freqüentemente contam
com o apoio de investigadores habilidosos com métodos mais avançados de
descoberta criminal e tecnologia forense. Estes investigadores, tal como médicos
legistas, por exemplo, tipicamente trabalham de 10 a 12 horas por dia, até que
seu trabalho esteja terminado. Eles ficam de plantão para casos raros, e freqüentemente
devem testemunhar na corte sobre seus resultados. Trabalhando com equipamento de
ponta, eles são conhecidos por escanear impressões digitais para usar em
computadores, decodificar dados de DNA, e até mesmo entender psicologia
criminal para resolver seus casos.
Em busca da verdade
"Não é
apenas elementar, meu caro", nas palavras do detetive Sherlock Holmes. E
muito menos adivinhação. Graças ao constante desenvolvimento da tecnologia
que acompanha as necessidades de seus usuários, investigadores criminais vêm
rapidamente ganhando dos criminosos, deixando muito pouco espaço para o culpado
argumentar em sua defesa. Atualmente, a investigação da cena de um crime
envolve meios sofisticados de descoberta e rastreamento. O uso da ciência
forense e a aplicação da ciência à lei estão fazendo com que os métodos de
investigação se desenvolvam mais rapidamente. A ciência forense, que usa
tecnologias altamente desenvolvidas para descobrir evidências científicas, é
mais utilizada para investigar casos criminais envolvendo uma vítima, tal como
assalto, roubo, seqüestro, estupro, ou assassinato. Mas isso não é tudo.
Muitos casos civis também estão sendo resolvidos com o uso de ciência forense
moderna, incluindo falsificações, fraude e negligência. Os forenses também
estão sendo usados para detectar se leis ou regulamentos estão sendo
transgredidos até mesmo no processo de comercialização de alimento e bebida,
fabricação de remédios, e uso de vários pesticidas em colheitas. A ciência
forense está sendo usada até mesmo para determinar se as emissões dos automóveis
estão dentro de um nível permissível, e se a água potável está dentro dos
padrões legais de pureza.
Ciência Forense
Em nível
global, a ciência forense também pode ser utilizada para controlar a
conformidade de países com acordos internacionais, e investigar se um país
desenvolve armas nucleares. Especialmente em crimes violentos, espécimes biológicos
tal como sangue, cabelo, sémen, e outros tecidos estão entre os tipos de evidências
mais freqüentemente recuperados achados nas cenas do crime. Ainda assim, estes
chegam num laboratório criminal de várias formas, tipos e condições, fazendo
com que os procedimentos analíticos normais às vezes sejam difíceis de
executar. Entretanto, graças a testes e investigações forenses pedaços de
evidência agora dizem muito mais do que costumavam a dizer. Dada a alta exatidão
e natureza sensível das investigações forenses, é necessária uma extrema
cautela para prevenir contaminação na hora de identificar, colecionar, e
conservar uma evidência biológica. Os investigadores e os profissionais de
laboratório sempre usam luvas disponíveis, instrumentos limpos, e evitam tocar
em outros objetos enquanto manipulam uma evidência. Eles também prestam
bastante atenção aos detalhes. E todo este trabalho não é em vão: todas as
evidências mostram, não deixando dúvidas de que a ciência forense está
verdadeiramente mudando vidas diariamente.
Análise do DNA
Um componente
importante das investigações de hoje em dia é a análise do DNA. Assim como a
impressão digital, o DNA de um delinqüente é exclusivo, e carrega com ele
fotografias de seu proprietário. E como os seres humanos tendem a deixar vestígios
onde quer que vão, rastrear o DNA de uma pessoa imediatamente permite que
investigadores encontrem um delinqüente simplesmente por reunir evidências da
cena do crime. O DNA deu tanta força para os investigadores que é
indiscutivelmente o avanço mais significativo em investigações criminais
modernas. Quando usado adequadamente, ele pode identificar criminosos mais cedo
do que nunca, e também eliminar pessoas inocentes da lista de suspeitos.
Atualmente, métodos de análise de DNA estão cada vez mais sofisticados,
permitindo que os investigadores possam distingüir indivíduos, sua moradia e
até mesmo o que eles fizeram. A forma mais comum de análise, a reação em
cadeia de polimerase (PCR), permite que investigadores forenses aumentem o índice
de sucesso da análise de amostras biológicas, degradadas, velhas ou muito
pequenas. Isso significa que os investigadores agora podem analisar amostras de
evidência que eles não podiam antes, porque nem a qualidade ou a quantidade do
material eram suficientes para técnicas menos avançadas usadas no passado. PCR
trabalha com quantias muito pequenas de DNA de evidência biológica, e faz milhões
de réplicas dele. Este processo, freqüentemente apontado como amplificação
de PCR, cria DNA suficiente para que um analista de laboratório possa gerar um
perfil do DNA. O processo também permite que técnicos de laboratório analisem
material biológico degradado.
Evidência de DNA para as novas investigações
A evidência
de DNA também é examinada usando comprimento de restrição fragmentar de
polimorfismo, ou RFLP, que normalmente requer uma amostra que tenha 100.000 ou
mais células (tal como um mancha de sangue do tamanho de uma moeda de dez
centavos) e contem DNA que não é degradado ou quebrado em fragmentos menores.
O método tem sido usado desde os anos 80 para excluir indivíduos acusados
injustamente. PCR também é usado para testar DNA da mitocôndria de uma célula.
Este método é aplicado em amostras que são inadequadas para outras formas de
prova de DNA (tal como ossos secos ou
dentes, cabelo, ou amostras que contêm DNA muito pequeno ou altamente
degradado). Por causa do tempo necessário para conduzir estes testes, o DNA
mitocondrial está disponível em um número limitado de laboratórios. Apesar
da análise de DNA fornecer provas fortes a investigadores e promotores, a evidência
ainda deve ser demostrada de forma que não deixe nenhuma dúvida de que o
acusado seja realmente o culpado de um crime. Alguns espécimes podem ser
alterados ou mesmo consumidos durante uma análise, fazendo com que um segundo
teste seja impossível. Um analista, portanto, deve tomar precaução extra para
fazer com que sua prova seja infalível. O peso nas costas de um cientista para
fazer testes exatos e confiáveis é excepcional, e fica ainda mais pesado
quando um cientista é chamado para dar uma interpretação objetiva de seu
significado. Não obstante, com responsabilidade e boa coordenação entre
analistas, detetives e oficiais da justiça - que devem ter em mente as
necessidades da corte - testes forenses sinalizam um nível mais alto de eficácia
para trazer criminosos à justiça.
DNA - A PROMESSA E O PREÇO
Como os genes funcionam?
O DNA (ácido
desoxirribonucleico) é uma molécula presente em toda célula de nosso corpo
que carrega toda a informação genética necessária para fazer com que nossos
corpos funcionem. O DNA se encontra no núcleo de cada célula em
uma estrutura condensada conhecida como cromossomo.
A estrutura
do DNA foi desenvolvida por dois cientistas, Francis Crick e James Watson em
1953. Eles descobriram que o DNA é feito de dois cordões longos emparelhados
na famosa hélice dupla.
Cada um
desses cordões conta com 4 componentes chamados de bases. São eles adenina
(A), guanina (G), timina (T) e citosina (C). Milhões dessas bases se posicionam
ao longo do cordão, e é exatamente o arranjo específico dessas bases que
revela o código de cada componente que se apresenta em uma célula.
Os genes são
uma sub-unidade do DNA. Existem cerca de 30.000 - 40.000 genes e cada um conta
com as instruções de como fazer uma única proteína que representa o bloco
estrutural básico de cada organismo.
Os genes são
lidos graças a uma substância encontrada na célula chamada mRNA, que atua
como o mensageiro que carrega as instruções para fazer uma proteína do DNA
para a fábrica de proteínas de uma célula.
Ao chegar na
fábrica, o código é decodificado e a proteína deste código é feita.
Dependendo do papel da proteína no corpo, ela irá permanecer dentro da célula
ou será transportada para onde possa atuar sua função. Todas as proteínas
feitas pelas células interagem de forma complexa para assegurar que nosso
organismo funcione.
Para que as
nossas células se dividam, o DNA tem que ser duplicado. Isso acontece o tempo
todo mas às vezes erros são cometidos, quando o DNA é copiado e a letra
errada é inserida ou deixada de fora. As células contam com um mecanismo para
corrigir esses erros, mas ocasionalmente eles passam despercebidos resultando em
um gene defeituoso. Se este gene não for corrigido, a proteína para qual ele
foi codificado, não é feita propriamente, não podendo então carregar sua função
específica.
Você sabia?
Há
aproximadamente 100 trilhões de células em nosso corpo.
A genética humana contém 3164.7 milhões de bases químicas (A, C, T e G).
Se você desenrolar e unir os cordões do DNA em uma célula, o tamanho desses
cordões chegaria a 186 cm.
Se o DNA de
todas as células do seu corpo for colocado de ponta a ponta, iria alcançar o
sol e voltar 600 vezes.
Para teclar o
código de um ser humano completo levaria uma pessoa teclando 60 palavras por
minuto, oito horas por dia, cerca de 50 anos.
Pré-implantação do diagnóstico genético (PGD)
Alguns genes
defeituosos levam a doenças genéticas que podem ser repassadas de geração
para geração. Se você carrega um desses genes, ter um bebê é como um jogo
de dados, arriscado, para saber se você terá uma criança saudável ou
uma criança doente. Até pouco tempo as únicas opções eram não engravidar
ou esperar pelo diagnóstico pré-natal durante a gravidez. Se o exame for
positivo, ou seja, o feto carrega a doença, os pais têm a opção de terminar
a gravidez. Entretanto, desenvolvimentos genéticos oferecem agora uma outra opção
- durante o IVF (Fertilização In Vitro), o embrião pode ser testado
antes de ser reimplantado para assegurar que apenas embriões livres da doença
genética sejam reimplantados. Este processo é conhecido como Pré-implantação
de dianóstico genético. Durante o IVF, os óvulos são colhidos e fertilizados
com o esperma fora do corpo, sendo assim permitidos a crescer por três dias até
que eles cheguem ao estágio de 8 células, quando uma biopsia é efetuada e uma
célula é removida para teste de doença genética. O raciocínio sobre o
surgimento de uma vida pode ditar a sua opinião sobre PGD, questionando o
direito dos pais de testar ou não o embrião. O PGD permite às famílias com
uma doença hereditária terrível descobrir se eles teriam uma criança saudável
ou não, mas não está disponível em todos os países. Nos Estados Unidos,
fica a cargo dos médicos e das clínicas IVF oferecer o teste; enquanto que na
Inglaterra é estritamente controlado pela Autoridade de Fertilização Humana e
Embrião. Em alguns países, como na Alemanha, o PGD é absolutamente proibido.
No ano 2000,
a família Nash foi a primeira família do mundo a usar a tecnologia oferecida
pelo PGD, não só para descobrir se o seu filho estava livre de uma doença genética
hereditária, mas para saber se a medula óssea da criança seria compatível
com a da filha mais velha para um transplante, que a salvaria de uma doença
grave.
Você sabia?
Cada um de nós
possui cerca de seis genes defeituosos, mas nós não sofremos os efeitos
nocivos dessa alteração porque nós só temos uma cópia do gene defeituoso.
1 em 10
pessoas irão desenvolver uma doença genética hereditária em alguma etapa de
sua vida. Nem todos os genes defeituosos são prejudiciais à nossa saúde. Numa
anemia hereditária, uma cópia do gene da célula doente oferece resistência
contra a malária.
Engenharia Genética
Agora que nós
praticamente quebramos o código genético e sabemos o que muitos dos genes em
nosso corpo fazem, o próximo passo é manipular esta tecnologia para curar doenças.
Porcos
geneticamente desenvolvidos foram criados para nos prover de orgãos. Existe um
número muito pequeno de doadores de órgãos. De acordo com a Associação
Brasileira de Transplantes de Órgão, 55 mil brasileiros aguardam por um órgão.
Para superar isso, uma companhia chamada PPL desenvolveu porcos geneticamente,
com corações que não serão rejeitados pelo corpo humano. Isso é feito através
da retirada dos genes que codificam proteínas para porcos e que são responsáveis
pelos órgãos serem vistos como estrangeiros pelo nosso sistema imunológico.
Até agora este tipo de transplante ainda não foi aprovado.
Genes humanos
também estão sendo inseridos em animais para que sejam produzidas proteínas
humanas. Os criadores da ovelha Dolly, também criaram Polly, uma ovelha clonada
com apenas um gene humano inserido no seu DNA. Este gene codifica para o fator
coagulante humano, que é extraído do leite da Polly e poderia ser utilizado no
tratamento de pessoas com hemofilia, que não fabricam esta proteína.
Muitas
pessoas se preocupam bastante com este estudo. Primeiro, por causa do medo de
que os vírus que afetam os animais sejam passados para os humanos, assim como
acredita-se que o HIV se propagou. Outra preocupação é o tratamento desses
animais. As pessoas estão questionando se deveríamos utilizar os animais como
pequenas fábricas para produzir o que queremos. Alguns acreditam que os animais
não deveriam ser tratados como mercadorias a serem manipuladas pelos seres
humanos.
A tecnologia
utilizada para criar animais geneticamente modificados pode um dia ser usada
para alterar geneticamente o ser humano. Casais poderiam decidir, antes de ter
um bebê, que tipo de gene deveria ser retirado ou inserido na criança. Isso
poderia resultar num verdadeiro "pesadelo do bebê programado", como
alguns acreditam.
Existe um
medo de que essa tecnologia possa dividir a raça humana criando uma raça
geneticamente superior, livre de quaisquer doenças com os melhores genes, e uma
raça geneticamente inferior, largada à mercê da natureza. Isso pode parecer
ficção científica, mas num futuro próximo o que poderá acontecer é que
pais irão optar por não ter doenças indesejáveis, fazendo
com que genes sejam removidos do embrião para garantir um bebê saudável. A
longo prazo, só mesmo o tempo irá nos mostrar as consequências desta
tecnologia.
Terapia Gênica
Uma forma de
engenharia genética sendo testada atualmente é a terapia gênica. Esta terapia
está sendo utilizada para tratar doenças causadas por um único gene
defeituoso, o que significa cerca de 2800 doenças conhecidas. Isso inclui
hemofilia, distrofia muscular, fibrose cística, e a doença Tay-Sachs . As
alterações que causam estas doenças podem ocorrer aleatoriamente e podem ser
repassadas de geração para geração. O exemplo mais conhecido é o gene da
hemofilia carregado pela Rainha Vitória que foi repassado para vários de seus
descendentes nos séculos 19 e 20.
A idéia por
trás da terapia gênica é colocar uma cópia correta do gene que está
faltando nas células, para que então os pacientes possam fabricar as proteínas
que necessitam.
A terapia foi
proposta há 15 anos e os cientistas estavam bastante otimistas sobre as
possibilidades que este tratamento poderia oferecer. Desde o primeiro teste, em
1990, foram realizados cerca de 400 estudos de terapia de genes em todo o mundo.
Infelizmente, trabalhar com a terapia gênica na realidade tem sido um
verdadeiro desafio. Um dos maiores problemas tem sido inserir o gene nas células.
Pesquisadores descobriram que os vírus são os recipientes mais efetivos, já
que eles vão naturalmente para as nossas células e colocam o seu DNA no nosso.
Mas a morte do menino Jesse Gelsinger, durante um dos testes foi talvez o pior
momento da história da terapia de genes. Ele morreu por causa de uma resposta
imunológica ao vírus que foi utilizado. Muitas pessoas ficaram com raiva,
achando que os cientistas estavam desenvolvendo as pesquisas muito rapidamente,
o que levantou a questão se a terapia gênica realmente funcionaria algum dia.
Agora, três anos depois, há uma nova esperança, com vários testes relatando
resultados promissores, incluindo o teste de hemofilia sendo conduzido nos
Estados Unidos. Apesar disso houve uma nova tragédia nesta área, quando dois
meninos em teste na França foram diagnosticados com leucemia, logo após um
tratamento de terapia gênica.
O problema
parece ser com o vírus utilizado. Estes vírus são usados porque o seu DNA se
entrelaça naturalmente com o nosso, mas a desvantagem é que na maioria da
vezes, um gene novo é inserido aleatóriamente nas células DNA. Normalmente
isto não seria problema porque a maioria do DNA das nossas células é
redundante, mas o perigo é quando o novo gene se insere em uma parte do DNA que
não tem função; e fazendo isso, interrompe a função do gene normal. Foi
isso que aconteceu com os meninos na França. O novo gene se inseriu no gene
envolvido com divisão de células, e as células começaram a se dividir
incontrolavelmente, resultando em leucemia.
Existem
muitos obstáculos a serem superados antes que a terapia gênica se transforme
em um tratamento convencional, mas se funcionar, poderá acabar não só com os
defeitos de um único gene, mas talvez terminar com doenças mais complicadas,
onde mais de um gene está envolvido, como diabete e doença do coração.
Quando nós
conseguirmos curar doenças com a terapia gênica, esta mesma terapia também
poderá ser aplicada cosmeticamente, como por exemplo, inserindo um gene para
fazer você se tornar mais musculoso ou para acabar com a calvice.
Teste Genético
Embora alguns
genes defeituosos provoquem doenças desde o nascimento, outros apenas fazem com
que as pessoas sejam suscetíveis a certas doenças como a doença de Huntingdon
e câncer de mama. Atualmente já se pode fazer um teste genético para
descobrir se você tem estes genes defeituosos. Isso não significa
necessariamente que você terá a doença, mas irá revelar se você tem a
chance de adquirí-la. Por exemplo, mulheres com o gene do BRCA1 tem 80% de
chance de desenvolver o câncer de mama até os 65 anos de idade.
Porém
existem dúvidas se este tipo de teste poderá fazer com que haja discriminação
contra as pessoas portadoras destes genes defeituosos por parte de companhias de
seguros ou empregadores, por exemplo.
Faturando com o Genoma Humano
Apesar do
Projeto Genoma Humano ser público e toda a informação compartilhada, existem
várias companhias que estão tentando ganhar dinheiro com novas descobertas genéticas.
Empresas estão
simplesmente patenteando genes, o que significa que cada gene descoberto pode
tecnicamente pertencer a estas empresas. Milhares de genes têm sido patenteados
durante a última década. Um exemplo é o gene do câncer
de mama, BRAC1, que foi patenteado pela Myriad Genetics Inc. A companhia cobra
$2,400 (dólares) para cada teste genético e ainda recebe royalties por
todos os testes baseados neste gene.
A discussão
é sobre como um gene pode pertencer a alguém. O escritório de patentes do
Canadá e Estados Unidos decidiu que se um gene pode ser retirado do corpo,
identificado e mostrado para algum tipo de uso, então pode ser patenteado.
O debate
continua se isso é certo ou não, com as empresas comerciais de um lado
tentando proteger seu investimento, e cientistas e ativistas do outro,
acreditando que o DNA é uma herança comum que deve ser poupada de exploração
comercial.
Clonagem e Pesquisa
Estudo de Stem Cells (células primordiais/troncos)
As Stem
Cells são células que logo nos primeiros estágios da vida têm o potencial de
se transformar em célula do tipo e.g. célula nervosa ou célula muscular. Há
muito interesse em relação a estas células, já que elas poderiam ser usadas
para reparar órgãos danificados, regenerar partes defeituosas do cérebro e da
espinha, ou até mesmo serem feitas em órgãos
completos para transplantes.
As Stem Cells
vêm de duas fontes - embriões novos, quando ainda estão destinados a se
transformar em diferentes células do corpo - células embrionárias - ou de
tecido adulto, onde estas células substituem células mortas para manter e
reparar o tecido - Stem cells adultas.
As células
embrionárias são obtidas dos restos de embriões do IVF. Há uma grande
controvérsia em relação a estes estudos, já que isto significa deixar de
lado um embrião que poderia ter sido uma nova vida. A pesquisa sobre Stem cells
foi limitada a apenas alguns países, incluindo Estados Unidos e Alemanha.
Nestes países
o foco principal de estudos são as stem cells adultas, mas o problema é que
isolar a célula adulta é muito difícil. Essas células também não são
muito fáceis de serem manipuladas como as embrionárias.
Apesar disso
já houveram estudos de muito sucesso, utilizando as células adultas, incluindo
o teste realizado no Instituto de Coração do Texas em parceria com o Hospital
Pró-Cardíaco no Brasil, onde eles estão utilizando células adultas retiradas
da medula óssea para tratar pessoas com doenças graves de coração. Estas
stem cells estão reparando as áreas danificadas do
coração se transformando em novos músculos e vasos sangüineos.
Clonagem
A clonagem é
o processo de fazer geneticamente um organismo idêntico a um já existente.
Exige a remoção do DNA de uma célula adulta, como a da pele, e a sua colocação
em um óvulo não fertilizado que teve o seu DNA removido. As células são então
unidas com um choque elétrico (que imita o óvulo e o esperma se unindo como
numa reprodução sexual) e então começam a se dividir. O motivo deste
processo ser tão difícil de ser realizado com perfeição é que a célula da
pele de onde o DNA foi retirado precisa voltar ao estágio de embrião para
permitir o crescimento do óvulo para o feto - este é o desafio.
Muitos
animais já foram clonados, incluindo ovelhas, bodes, vacas, porcos e um gato,
mas muitos desses animais são defeituosos de alguma forma. Uma companhia
chamada Clonaid alega ter produzido três bebês-clones, mas isto ainda não foi
verificado por um teste genético independente. Primatas parecem ser mais difíceis
de clonar do que outros animais e tentativas
passadas de clonagem de embriões humanos para objetivos terapêuticos até
agora não obtiveram nenhum sucesso.
Mas isto é
apenas uma questão de tempo, até que esta técnica seja aperfeiçoada. A
clonagem não requer instrumentos complexos - apenas o tipo de equipamento já
encontrado na maioria das clínicas de IVF. Só seria necessário um bom
suprimento de óvulos e um time de cientistas dispostos a ir até o fim, sem
medo de riscos. Apenas 2% das tentativas em clonagem até
hoje foram bem sucedidas, com os outros 98% resultando em animais deformados.
Você sabia?
A ovelha
Dolly recebeu este nome inspirado na cantora country Dolly Parton, porque a
ovelha foi clonada de uma célula mamária.
A Dolly teve
4 cordeiros, Bonnie em abril de 1998 e os outros três nasceram em 1999.
A ovelha
Dolly, o primeiro mamífero clonado de uma célula adulta, foi sacrificada com
seis anos de idade, após ser diagnosticada com uma doença pulmonar
progressiva. Uma ovelha pode viver de 11 a 12 anos. Infecções como a
verificada em Dolly são comuns em animais mais velhos. A ovelha Dolly, clonada
a partir de uma ovelha de seis anos, nasceu em 1996, mas só foi mostrada ao
mundo em fevereiro de 1997. Em 1999, cientistas notaram que as células de seu
corpo mostravam sinais de envelhecimento precoce. Ela também desenvolveu
artrite, aumentando o debate sobre as consequências da clonagem.
Entenda a Técnica da Clonagem Usada para Produzir DOLLY
Para a criação
da ovelha Dolly, os cientistas do Instituto Roslin, na Escócia, utilizaram as células
mamárias de um animal adulto. Eles primeiro recolheram o ócitos - células que
dão origem ao óvulo - de uma ovelha adulta. Seu núcleo foi retirado e
substituído pelo núcleo da célula mamária, o qual contém toda a informação
genética da ovelha original.
Utilizando
impulsos elétricos, a célula foi reativada e começou a se dividir até formar
um embrião, que foi implantado no útero de uma fêmea.
Apesar de
parecer simples, várias tentativas frustradas foram registradas pelo instituto
antes do nascimento do clone. Os cientistas fundiram 834 núcleos de células,
os quais vieram de embriões, células mamárias de um animal adulto e fetos.
Em todas as
fases do processo houve perdas enormes. Das 156 células implantadas, apenas 21
se desenvolveram. Só oito ovelhas nasceram. Destas, apenas uma era resultado da
célula adulta. A taxa de sucesso durante o processo de clonagem é de apenas
1%. Além disso, "todos os clones produzidos apresentam algum
problema". A Dolly foi feita com material genético
(cromossomos) de um animal adulto com seis anos, injetado num óvulo do qual se
retirou o núcleo. Esses cromossomos já foram marcados pelo animal original e
podem deixar de funcionar, o que faz surgirem mal formações imprevisíveis até
o presente conhecimento de nossa ciência. "O lado positivo desta experiência,
é que ela nos mostrou que é possível se reproduzir tecidos a partir de células
tronco, e isso pode salvar muitas vidas".
A ovelha
Dolly, deixa-nos um aviso bem claro, de que a clonagem reprodutiva é
extremamente perigosa, quando o Homem através da ciência busca imitar a Deus.
E, sem dúvidas, esse é o maior recado da Dolly.
Para se ter
uma exata dimensão da problemática desse tema, faço aqui em nosa coluna, a
transcrição na íntegra de pronunciamento do Nobre Senador Juvêncio da
Fonseca, no dia 03 de junho de 2004, na Tribuna do Senado da República:
Pronunciamento em 03 de junho, solicitando a premência da análise do projeto
da lei de Biossegurança, que dispõe sobre a utilização das células-tronco
para uso terapêutico e tratamento de doenças degenerativas.
O SR. JUVÊNCIO
DA FONSECA (PDT - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do
orador.)
"Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, agradeço à Presidência a
concessão de dez minutos neste horário tão apertado.
Sr.
Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Congresso Nacional é uma caixa de ressonância
das questões nacionais. Aqui chegam todos os reclamos, aspirações, desejos da
população.
Recebi uma
carta dramática e faço questão de torná-la pública porque diz respeito a um
projeto que já está em tramitação, aqui, no Senado Federal. Refiro-me ao
projeto de lei de Biossegurança, que analisa a questão da biotecnologia e das
células-tronco. Essa carta é de uma mãe do Mato Grosso do Sul, que tem
interesse e está desesperada, pois vive uma situação
dramática, difícil, pela convivência com uma doença degenerativa incurável
hoje se o Congresso Nacional não liberar, jurídica e legislativamente, a ciência
para essas curas.
Diz a carta -
que é datada deste mês - o seguinte:
Meu nome é
Tatiana Borges Saad Adams, Cirurgiã-Dentista. Moro no interior de Mato Grosso
(Alto Taquari), local de referência pelo Terminal da Ferronorte do Brasil,
localizado aqui, e pelo alto índice de produção de sementes de soja, das
quais meu esposo é um dos produtores - André Carlos Adams, através das
Sementes Ipiranga (são 2,5 mil hectares só para sementes). O Município dispõe
de uma área total produtível pela agricultura de 100 mil hectares, sendo 15
mil de algodão, 10 mil de milho e o restante de sementes de soja. Meu sogro é
proprietário de uma algodoeira, presidente da Cooperativa de Suinocultura do
Município e proprietário também de 5 mil hectares de terras na região, sendo
um dos pioneiros na agricultura aqui. Meu pai é médico e dono de hospital em
Mato Grosso do Sul.
Por que estou
explicando tudo isso? Porque de nada adiantam valores materiais, bens, posição
na sociedade, quando não temos saúde em casa, principalmente saúde de nossos
filhos, ou se não podemos fazer nada por eles em relação a isso, como é o
nosso caso.
Somos pais de
apenas duas filhas, Mayanna (5 anos) e Monique (2 anos), ambas são portadoras
de uma doença progressiva, degenerativa e fatal até a adolescência, que se
chama Atrofia Muscular Espinhal (Tipo 2). Essa doença não tem cura, nem medicação,
nem cirurgia para a cura dela até o momento. O que temos passado em relação
às nossas filhas, vendo a caçula com quase três anos não caminhar, não se
levantar sozinha, não sair do lugar nem para buscar um brinquedo a alguns centímetros
ao alcance dela no chão. Certos dias, ter que passar pela angústia de vê-la
pedir para caminhar, e assim pede, com as palavras dela: "Mãe, caminha eu,
não sei sozinha". Ou outro pedido feito por ela, na inocência de uma
criança, que disse: "Mãe, amanhã você compra pilha, põe nas minhas
costas, igual nas bonecas, para eu caminhar". Isso tudo pelas palavras, uma
a cada dia, também degenera a nós os pais, pois somos incapazes de dar a elas
a cura.
Mas vocês,
Senadores, podem dar às minhas duas filhas a oportunidade de cura e a inúmeras
pessoas portadoras de outras doenças. Como? Votando a favor da Lei de
Biossegurança, pela liberação do uso de células-tronco embrionárias para
fins terapêuticos.
Esse é o
clamor, Sr. Presidente, de milhares e milhares de famílias neste País que têm
o drama dentro de casa dessas doenças degenerativas e que nós, por escrúpulos
justificados, filosóficos, teológicos não permitimos que a célula-tronco
seja utilizada para a cura dessas doenças degenerativas. E essa resistência
para que se aprove uma legislação como essa, autorizativa para materializar
essas esperanças de cura, prende-se justamente à definição filosófica, teológica
do momento em que o sopro da vida se apossa da célula fecundada. Já na conjunção
carnal, quando o espermatozóide encontra o óvulo? Ou no curso dessa formação
humana dentro da trompa ou do útero da mulher? Em que instante esse sopro de
vida, que chamamos sopro de Deus, que respeitamos, todos somos cristãos, impede
que votemos uma legislação como essa?
Eu diria às
Srªs e aos Srs. Senadores que existe um preservativo hoje contra a fecundação,
o DIU, que age justamente no 4º ou 5º dia, quando não entrou no útero o
blastócito que está ainda na trompa. O DIU interrompe a gestação. A aplicação
do DIU, como preservação da fecundação, está sendo possível no País.
Matou-se uma criança em formação nessa hora por intermédio do DIU? A legislação
diz que não, os teólogos dizem que não, a Igreja diz que não. Mas, quando
precisamos utilizar as células-troco para promover a cura de doenças
degenerativas, como a atrofia muscular espinhal, esclerose lateral amiotrófica,
como diz a Drª Tatiana, aqui, relacionando todas as doenças: Doença de
Chagas, esclerose múltipla, osteoporose, mal de Parkinson, mal de
Alzheimer, lesão medular, doenças renais, cardiopatias mais diversas, são
mais de 30 variações de distrofia muscular progressiva.
Sr.
Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esse é o drama que vive a sociedade
brasileira, impedida ainda de fazer a cura dessas crianças e também a cura dos
lesionados fisicamente, seja por causa de acidentes, inclusive cardiovasculares.
Não sou médico, não sei explicar em detalhes cientificamente tudo isso, mas
sou humano, tenho coração e alma e tenho condições, sim, de receber o apelo
dessa mãe, analisar seu drama e pedir ao Senado Federal que avalie o assunto
com cuidado, com o coração e também com a razão, mas não permita que tantos
seres humanos deixem de alcançar a cura e que suas famílias permaneçam
praticamente mortas dentro de casa, diante do drama de vida de seus filhos.
Concedo o
aparte ao Senador Osmar Dias.
O Sr. Osmar
Dias (PDT - PR) - Senador Juvêncio da Fonseca, desejo apenas cumprimentar V. Exª
pela coragem de abordar este assunto - que é um tabu e que precisamos enfrentar
- e pela determinação com que vem atuando junto às Comissões de Assuntos
Sociais e de Educação, para debater o projeto de biossegurança. V. Exª tem
sido muito importante nesse debate, e tenho certeza de que ajudará a clarear o
tema, para votarmos o melhor para a sociedade brasileira. Parabéns!
O SR. JUVÊNCIO
DA FONSECA (PDT - MS) - Obrigado, Senador Osmar Dias. Para terminar, Sr.
Presidente, cumprindo o compromisso dos dez minutos, as células-tronco a serem
usadas no processo de cura são aquelas que estão congeladas nas clínicas
deste País, excedentes das utilizadas pelos casais que desejam ter filhos, mas
apresentam dificuldade de procriação. Se essas células congeladas não forem
utilizadas para esse fim, estarão no lixo. A atual legislação exige que elas
sejam congeladas, mas não diz por quanto tempo. Quanto tempo essas células-tronco
permanecerão congeladas nos laboratórios, sem poder ser colocadas na lata de
lixo, criando-se, com isso, um grande lixo biológico, enquanto aumenta o
sofrimento de famílias
brasileiras?
Faço este
pronunciamento, Sr. Presidente, dizendo à Srª Tatiana, a seu marido e a sua
família que o Senado Federal está atento a esta questão. Temos a obrigação
de falar sobre o sentimento dos pais, principalmente desses filhos com doenças
degenerativas. Temos o dever, Srs. Senadores, de respeitar os princípios teológicos
e filosóficos, mas também de permitir a vida dessas crianças que fatalmente
estarão mortas antes da sua juventude.
Muito obrigado."
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