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- Coluna de Cinema -
2005

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Dicas da semana:
(Período de 22.05.2005 à 28.05.2005)

A Queda - Os últimos dias de Adolf Hitler (Downfall) - As Últimas Horas de Hitler (Der Untergang), Direção: Oliver Hirschbiegel; Elenco: Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, Corinna Harfouch, Ulrich Matthes; Nacionalidade: Alemanha / Itália, 2004; Duração: 156 minutos; Gênero: Drama; Classificação: 16 anos - O fim de um bom espetáculo suscita uma peculiar angústia. Seja espectador, ator encenador ou cúmplice – quando a cortina desce, emerge um vazio que só as palmas afugentam. The End, os famosos letreiros dos filmes clássicos, nos levam de volta ao mundo real, nos avisam que a ilusão ali termina.

            A Queda - as últimas horas de Hitler sacou essa nuância no macabro universo nazista. A dificuldade de Hitler em aceitar sua derrota na guerra é o eixo dramático do filme. Um belo acerto. Histórico e narrativo. Tal conflito leva o früher e seu séquito a se debaterem com a realidade que os cerca. Isolados e inconformados, os generais da SS tentam convencer Hitler que o ‘sonho acabou’.

            É no mínimo estranho considerar os desvarios nazistas como parte de um sonho. De fato, eles o foram. Hitler era protagonista e diretor de um dos maiores espetáculos já registrados pela história ocidental. Um espetáculo que mesclava mídia e totalitarismo. Paradoxalmente, o früher imbuiu o seu governo de uma aguda racionalidade. As execuções em massa dos judeus, a obsessão pelo avanço tecnológico e científico – a racionalidade necessária para a guerra.

            Ao aceitar a derrocada do seu projeto, Hitler apenas reforçou seu culto à morte. Numa das melhores cenas do filme, observamos as investigações sobre as diversas formas  de cometer suicídio. Era o horror daqueles anos cinzas. O roteiro do filme baseia-se na entrevista com Frau Traudl Junge, a secretária de Hitler. Esse depoimento, que resultou no filme Eu fui a Secretária de Hitler, permitiu a prática de certo voyeurismo histórico. Trata-se de um olhar feminino, fino, dos bastidores, sobre aquele que encarnava a figura do super-homem. Suas manias, seu poder de sedução, seu cotidiano e os momentos em que oscilava entre a razão e a completa alucinação.

            A Queda registra justamente este ínterim em que a autoridade do líder nazista é colocada em xeque. Um lampejo de razão. Outro tanto de ilusão. Findo o espetáculo, é preciso sair do proscênio e contemplar o cair da cortina. Speer, o arquiteto e amigo de Hitler, orienta-o a não fugir de Berlim. Seu recado? Um líder, mesmo quando fenece seu espetáculo, deve morrer abraçado a ilusão que criou. Ou – no caso de Hitler – encarar o horror. Frente a frente.

Cruzada (Kingdom of Heaven) - Direção: Ridley Scott; Elenco: Orlando Bloom, Liam Neeson, Jeremy Irons, Eva Green, Edward Norton; Nacionalidade: EUA / Inglaterra / Espanha, 2005; Duração: 145 minutos; Gênero: Aventura; Classificação: 14 anos - Cruzada é um filme coerente na carreira de Ridley Scott. Mesmo sendo uma obra menor, ela enfatiza a escolha de Scott em propiciar ao espectador a ilusão da história. Com Cruzada viajamos ao século XII, ápice dos primeiros choques entre oriente e ocidente. Observamos cavalheiros ferozes, árabes organizados para a guerra e a tensão que permeou a conquista e a queda de Jerusalém pelos cristãos medievais.

            A direção de Scott mostra-se tão impecável quanto suas últimas realizações. Cenário, figurino, locações e alguns efeitos especiais nos propiciam uma saborosa ilusão: nos projetamos para uma outra realidade de tempo e espaço. Esta é uma das maiores (e mais traiçoeiras) magias do cinema - a ilusão de realidade. Por alguns segundos, supomos vivo e verdadeiro um momento histórico que nunca poderemos experimentar.

            A face oculta dessa ilusão repousa nas convenções, nos clichês e estereótipos do cinema dominante. Continua atual  - embora mofadíssimo - o esquema a girl and a gun (Uma mulher e uma arma). Uma espada e uma nobre princesa vestida em trajes orientais. Um importante acontecimento histórico transforma-se numa pequena tragédia familiar. Faltou um bom roteiro. Bailian, o protagonista, perambula entre diversas situações – completamente perdido. O filme salva-se pelos momentos de representação histórica, como a batalha com Saladino.

Fernando Toscano      
Editor do Portal Brasil   
   


(*) O COLUNISTA-TITULAR DESTA SEÇÃO, LOURIVAL SOBRAL, ENCONTRA-SE EM VIAGEM E FOI SUBSTITUÍDO EXCEPCIONALMENTE NESSA SEMANA.


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