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- CINEMA -
(Crítica - Junho / 2002)

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Dicas da semana:
(Período de 22/06-28/06/2002)   


Lembranças de um verão (Hearts in Atlantis, Scott Hicks 2001) - Funerais de amigos diletos como fonte de remissão para todo um evento que, na infância, marcou a vida de uma pessoa é a premissa de inúmeros filmes, a conjunção da beleza do ato de lembrar e o efeito que essa memorabilia trazem para sua vida, fundamentam um sem número de roteiros.

            “Lembranças de um Verão”, adaptado do livro de Stephen King, traz a singular história de Bobby (David Morse) que  vai ao enterro de um de seus companheiros de infância e rememora seu último verão naquela pequena cidade, sua convivência difícil com sua mãe (Hope Davis), seus amigos de infância e o misterioso Ted (Anthony Hopkins), senhor que assume uma figura paterna para ele e tem sobre sua vida a sombra do sobrenatural e do FBI.

            A trama se desenvolve sob a ótica do jovem Bobby (Anton Yelchin, bom jovem ator) em suas descobertas pessoais e reestruturação da figura paterna e ao tempo que se desenrola uma confusa trama policial envolvendo o personagem de Hopkins muito pouco explicitada e desenvolvida.

            O diretor Scott Hicks (Shine-Brilhante) tenta imprimir um tom sério ao filme e não se define qual caminho da trama - o policial ou o do drama remissivo - deve seguir e acaba por, praticamente, abortar a ação do suspense e fragilizar o conto de memória que o filme acaba por se tornar.

            O elenco, alem de Yelchin, se restringe a Hopkins que cumpre mais um de seus papéis burocráticos que vem sendo sua marca nos últimos anos, falta ao seu Ted um pouco mais de profundidade e talvez real importância na história para lhe parecer estimulante.

            Um interessante livro de suspense que está longe das melhores adaptações da obra de Stephen King, tais como “Misery”, “Carrie, a Estranha” e “Conta Comigo”, mas que também por suas qualidades de produção não chega a ser um total desalento.

Cotação: ** ½


Blade 2- O Caçador de Vampiros (Blade 2, Guillermo del Toro, 2002) - Segunda adaptação utilizando o personagem, novamente vivido por Wesley Snipes, agora em luta com vampiros mutantes.

            O filme sob direção de Guillermo del Toro, dos ótimos “A Espinha do Diabo” e Cronos” e do terrível “Mimic”, é um exercício de seqüências de ação, já que as razões do personagem central já foram expostas no primeiro filme da série, o roteiro é um mero fundamento para que as cenas e os momentos de ação possam ser “degustados” e onde a lógica e a concatenação são meros ingredientes que ficaram de fora pelo bem comercial do filme.

            Uma peça cinematográfica que não resulta totalmente insatisfatória pela boa produção, o talento de del Toro que grada algumas seqüências com um pouco mais que recursos técnicos e por atores talentosos como o Snipes e Ron Pearlman que servem para dar um certo ar respeitoso ao filme, salvando o resultado final do naufrágio.

Cotação: ** 
                                                                                                                                                     
Lourival Sobral


Dicas da semana:
(Período de 15/06-21/06/2002)   

Kate e Leopold (James Mangold 2001) - Se algum produtor americano se propuser a investir seu rico dinheirinho numa comédia romântica açucarada e com uma pitadinha de inteligência ligará para o agente de Meg Ryan para lhe passar o roteiro.

            Desde seu primeiro grande sucesso, o ótimo “Harry & Sally - Feitos um para o outro”, ela se tornou sinônimo desse tipo de filme, onde a heroína mistura um pouco de loucura, uma grande determinação e um senso todo seu de resolver problemas.

            Kate & Leopold narra as conseqüências de um experimento científico que traz ao nosso tempo um homem de um passado remoto (Hugh Jackman) que acaba vivenciando uma paixão atemporal com a doce personagem de Meg Ryan.

            O filme é morno, com roteiro simplista e recheado de falhas e Meg está já fora da idade certa para o papel, mas seu charme e de seu parceiro Jackman (o Wolverine de X-Men, o Filme) compensam um pouco essas deficiências.

Cotação: ** ½


Viva São João (Andrucha Waddington, 2002) - A aventura de filmar  “Eu, Tu, Eles”  levou o diretor Andrucha Waddington a se aventurar em produzir e dirigir esse interessante documentário sobre as festas juninas nordestinas, um interessante confronto das idéias do jovem diretor do moderno cinema brasileiro formado na propaganda e a realidade espelhada com o luxo rústico desses eventos festivos.

            O filme consegue dançar ao ritmo de forró, faz dos seus personagens simpáticos e alegres, mesmo quando confrontados com a realidade das cercanias e ilustra bem os pormenores de diferenciais de aparência daquele que vê de fora.

            A narração festiva de Gilberto Gil complementam a harmonia presente no filme e conjuntamente com as canções tornam o todo bastante completo e sem grandes vácuos, emocionando e trazendo a alegria presente nos festejos.

            Um bom documentário tem que cumprir sua missão informativa e prender o público com seu ritmo, sabendo dosar seu conteúdo com uma linguagem que toque a audiência na medida do tipo da emoção que se deseja provocar, e “Viva São João” satisfaz plenamente na sua tarefa.

Cotação: *** ½
                                                                                                                                                      Lourival Sobral


Dicas da semana:
(Período de 08/06-14/06/2002)   

A Última Fortaleza (The Last Castle, Rod Lurie, 2001) - Os filmes ambientados em presídio costumam explorar situações limites dos prisioneiros que conflitando entre si ou com a autoridade dirigente do mesmo.

            O que diferencia este “A Última Fortaleza” dos demais filmes é a persona de Robert Redford que insere um conteúdo ideológico que se pretende liberal dando um charme especial ao filme, ainda que não conseguindo transformar-lhe numa grande obra.

            O conflito começa quando o General Irwin (Redford) chega a prisão militar dirigido pelo coronel Winter (James Gandolfini, de “A Familia Soprano”) após sua condenação por uma corte marcial. O duelo entre os dois começa primeiro de forma surda, em pequenos gestos e evolui para um grande confronto final de enormes proporções.

            Ao mesmo tempo vai se desenvolvendo o comando de Irwin junto aos outros prisioneiros e, em especial com Yates, vivido por Mark Ruffalo ( do ótimo “You Can Count on Me”),  cujo pai havia sido seu subordinado ainda nos tempos do Vietnã.

            O filme é permeado por um senso de idealismo liberal muito próprio dos democratas americanos que baseiam em conceitos de liberdade e princípios, mas que ao final resvala num militarismo disfarçado, que, ao tempo que não defende os mecanismos militaristas, defendem a idéia da guerra como um mal necessário baseada num código de honra todo próprio.

            O roteiro, direção de Rod Lurie e elenco cumprem bem sua missão, apenas não oferecem mais do que o medíocre, o banal, com algumas boas seqüências, mas nada que o faça tornar mais interessante que a maioria dos filmes postos no mercado pelos americanos.

Cotação: ***


Um Casamento à Indiana ( Monsoon Wedding, Mira Nair, 2001) - A boa diretora indiana Mira Nair (do ótimo Salaam, Bombay) consegue enfim acertar de novo a mão com esse filme que lhe deu o Leão de Ouro do Festival de Veneza em 2001.

            Uma estrutura básica de várias histórias se cruzando ao longo de um casamento, recheadas de humanidade e boas interpretações e com um texto que ressalta seu lado humano, ressaltando o  processo de criação do filme.

            Um filme feito por um esforço coletivo de amigos e parentes da diretora que emprestaram roupas, locações e, em alguns casos foram atores da trama, reforçando o tom levemente confessional que a história transborda da tela.

            Levemente agridoce, o filme é um banquete de sensações, mas que cuida sempre para não se tornar banal e superficial em seu enfoque, nem fazer do filme um tratado sociológico sobre tudo que cerca o casamento na Índia.

Cotação: *** ½

                                                                                                                                                       Lourival Sobral


 Dicas da semana:
(Período de 01/06-07/06/2002) 

40 dias e 40 noites (40 days and 40 nights, Michael Lehmann, 2002) - Os roteiros de filmes feitos à feição dos jovens americanos não costumam trazer muitas novidades, normalmente são comediazinhas com piadas mais ou menos chulas, mais ou menos espirituosas e que servem de consumo rápido que ocupe o tempo do seu público alvo.

            “40 dias e 40 noites”  tenta inovar nesse circuito por trazer um elenco alguns anos mais velhos, mas baseado num dos favoritos do público americano Josh Hartnett (dos filmes “Pearl Harbor” e “Falcão Negro em Perigo”) e na criatividade e leveza do seu diretor, Michael Lehmann que em alguns de seu trabalhos conseguiu um bom nível.

            A história de um jovem que após uma grande decepção amorosa resolve ficar em abstinência sexual durante o período que dá título ao filme e que, por essas armadilhas do destino e dos roteiristas pouco criativos, tudo que lhe ocorre e lhe aparece fazem remissão a sexualidade e ele vai ficando com humor alterado, beirando o desespero.

            O mote do roteiro é a passagem bíblica da purgação de Cristo é, além de absurda, mal desenvolvida, visto que o processo de desespero do rapaz é exagerado e pouco lógico e até as piadas, que buscavam a graça pela pouca elegância, não fazem rir.

            Um filme que serve como passatempo de pouca exigência, excelente quando você vai num cineplex e todos os outros filmes estão lotados.

Cotação: *1/2


Onde a Terra Acaba (Sérgio Machado, 2001) - Um premiado documentário sobre  a persona  Mário Peixoto, diretor do clássico filme “Limite” e que construiu em torno de si uma série de histórias e estórias que tornaram lendária sua figura.

            Diretor prodígio de uma obra prima em 1931, Mário Peixoto jamais conseguiu realizar um segundo filme, foram projetos abortados, roteiros inacabados e uma aura de mistério que cercava a sua pessoa e seu filme que por si só já renderia um extraordinário roteiro de ficção.

            O filme comporta um interessante trabalho de pesquisa e faz uso da inúmeras mídias que Peixoto em seu processo de vida pode experimentar com um certo ar de quem era maior que a própria humanidade, menos por soberba do que por ser um homem fora do seu tempo e por sua personalidade extremamente forte e complexa.

            O diretor Sérgio Machado faz um belo tributo ao mago Peixoto, ilustra com documentos importantes que ilustram não só o seu personagem, mas incrivelmente reconstitui boa parte dos primeiros tempos da formação da indústria cinematográfica nacional (que nunca deixou de ser incipiente) e mostra o rosto de personagens importantíssimos como a cineasta e atriz Carmen Santos e o gênio da fotografia de cinema Edgar Brasil.

Cotação: ****

                                                                                                                                                      Lourival Sobral

NOTA DA REDAÇÃO:  A partir de 01.06.2002, esta seção será atualizada aos sábados e não às sextas-feiras, como era de praxe.


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