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- CINEMA -
(Crítica - Dezembro/2001)

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OS MELHORES DE 2001

            Nesta última coluna do ano faremos um pequeno resumo do que foi o panorama cinematográfico em 2001 que por si só já servirá para que os nossos leitores possam arriscar em ver esse ou aquele e, conferir se foi justa ou não sua inclusão na lista de melhores do ano.

Melhores filmes:

      1- LAVOURA ARCAICA.- Brasil - Dir. Luiz Fernando Carvalho.
     
2- AMORES BRUTOS (Amores Perros) - México Dir. Alejando Gonzalez Iñarritu
      3-
CÓDIGO DESCONHECIDO (Code Inconnu) - França/Alemanha/Romênia. Dir Michael Haneke
      4-
AMOR À FLOR DA PELE (In The Mood Of Love) - Hong Kong/França. Dir. Wong Kar-Wai
      5- RÉQUIEM PARA UM SONHO (Requiem For A Dream) - EUA. Dir. Darren Aronofsky.
      6- HORA DO SHOW, A (Bamboozled) - EUA. Dir. Spike Lee
      7-
SHREK - EUA. Desenho animado de Andrew Adamson e Vicky Jenson.
      8- TRAFFIC - EUA/Alemanha.
Dir. Steven Soderbergh.
      9-
MOULIN ROUGE - AMOR EM VERMELHO (Moulin Rouge) – EUA. Dir. Baz Luhrmann
      10- BICHO DE 7 CABEÇAS Dir. Laís Bodansky

Direção:

      1-     Luiz Fernando Carvalho (Lavoura Arcaica)
2-     Baz Luhrmann (Moulin Rouge)
3-     Darren Aronofsky (Réquiem para um Sonho)
4-     Christopher Nolan (Amnesia)
5-     Alejandro Amenabar (Os Outros)

 Ator:

      1-     John Cameron Mitchel (Hegwig- Rock, Amor e Traição)
2-     Javier Bardem (Antes de Anoitecer)
3-     Marco Nanini (Copacabana)
4-     Sergi Lopez (Harry que chegou para ajudar)
5-     Emilio Echevarria ( Amores Brutos e E Sua Mãe Também)

 Atriz:

     1-     Ellen Burstyn (Requiem para um Sonho e Caminhos sem Volta)
     2-     Brenda Blethyn (O Barato de Grace)
     3-     Graziella Moretto (Domésticas- O Filme)
     4-     Holly Hunter (Coisas que você pode dizer só de olhar para ela)
     5-     Reese Whiterspoon (Legalmente Loira)

Ator Coadjuvante:

      1-     Gael Garcia Bernal (Amores Brutos e E sua Mãe Também)
2-     Emílio de Mello (Amores Possíveis)
3-     Don Cheadle (Traffic)
4-     Jude Lawa (A I- Inteligência Artificial/ Círculo de Fogo)
5-     Jim Broadbent ( Moulin Rouge/ O Diário de Bridget Jones)
6-     Emiliano Queiroz (O Xangô de Baker Street)

Atriz Coadjuvante:

      1-     Juliana Carneiro da Cunha (Lavoura Arcaica)
2-     Louise Lasser ( Fast Food, Fast Women/ Réquiem para um Sonho)
3-     Simone Spoladore (Lavoura Arcaica)
4-     Jennifer Connelly Requiem Para um Sonho
5-     Marcia Gay Harden- Pollock

 Deixamos essa pequena lista do melhor que aconteceu no ano de 2001 e desejamos a todos um ótimo 2002

                                                                                                                                                             LBS 


Dicas da semana:
(Período de 22/12 - 28/12/2001)

Monsters S. A. ( Monsters Inc., Peter Docter, 2001) - Os estúdios Disney enfim se rendem ao mundo real e tem em “Monstros 
S. A.” seu primeiro passo ao amadurecimento mental, um primeiro momento em que a major do entretenimento infantil se permite transgredir e tocar sua fórmula de sucesso.

A história do monstro de armário Sulley (ótimo trabalho de John Goodman) que ao trazer para o mundo dos monstros uma garotinha acaba por destruir toda uma trama maléfica e embalada em uma canção melosa dá o melhor da Disney, um filme leve e tocante com momentos metricamente feitos para rir e outros para chorar.

A transgressão da Disney vem entretanto no seu subtexto, o filme é ousado nos limites Disney, realça seus personagens secundários com um humor mais adulto se permitindo até leves piadinhas de fundo sexual, o que para empresa era um tabú, mesmo em filmes românticos.

O roteiro tem um sério defeito de conclusão, mas vence esse problema com a doçura dos personagens centrais e com a boa dose de chavões tocantes que entorpecem sua audiência.

Uma diversão certa que divertirá quem a assista e que pode proporcionar a experiência de libertar os monstros que moram nos nossos armários pessoais que podem nem ser tão feios e assustadores assim.

Cotação: ***

Requiem para um Sonho (Requiem for a Dream, Darren Aronofsky, 2000) - Quatro pessoas que perdem a luta de suas vidas para o vício e o inferno, é o tema de “Requiem para um sonho”, filme do independente diretor Aronofsky (autor do polêmico “PI”), que não poupa o público em expor suas próprias vísceras expostas na tela.

O casal de jovens que acaba por enveredar no crime e na prostituição por causa do vício; a dona de casa, que viciada em programas de televisão, acaba por se viciar em anfetaminas incluídas em remédio para emagrecer; e negro americano, que buscando uma ascensão social, acaba na cadeia, compõe a gama de personagens dessa trama.

O filme, num primeiro instante, parece buscar o choque fácil, mas essa impressão vai se diluindo, o que choca é a história e seus personagens, o que poderia ser artificial se enquadra perfeitamente na trama e até lhe confere um tom menos doloroso e, gradando o sentimento de rejeição a dor gerada pela descida ao inferno de seus personagens.

Um elenco excepcional onde até seus atores Jared Leto (da série “Minha Vida de Cão”) e Marlon Wayans (Todo Mundo em Pânico) se revelam competentes; Jennifer Connelly (Labirinto), merecedora de uma indicação ao Oscar - que pode vir ano que vem por “Beautiful Mind”; e, Ellen Burstyn, simplesmente numa das melhores interpretações da década, faz da sua matrona viciada em pílulas um verdadeiro show.

O filme não é fácil, chega a ser indigesto em alguns momentos, mas se revela um grande filme, com o melhor do cinema independente americano, fugindo do jeito americano de contar suas histórias, do maniqueísmo tolo ou da visão monocórdica da realidade.

 Cotação: ****1/2
                                                                                                                                                         
   LBS


Dicas da semana:
(Período de 15/12 - 21/12/2001)

Shrek (2001) - Durante anos os estúdios da Disney lutaram para que seu exímio trabalho de animação pudesse ser honrado com a conquista do Oscar e quando surge a tão esperada categoria de Filme de  Animação no Oscar, eis que surge o ogro Shrek e sua turma.

Shrek vivido por Mike Myers é um ogro abusado que vive calmamente sozinho em seu pacato pântano quando se vê recebendo inúmeros personagens de contos de fada que estão sendo perseguidos por um cruel vilão.

Shrek, em busca de sua paz, aceita salvar a princesa que viria a tornar o vilão um verdadeiro monarca por casamento e aí segue a história...

O grande diferencial de Shrek - o filme, é que não se basta enquanto conto de fadas, ele transgride, ele tangencia a realidade e faz da ironia o tempero para a sua trama gerando uma série de blagues que não compromete o ritmo de conto de fadas e lhe dá relevo de excelente roteiro humorístico.

As expectativas são sempre quebradas por um algo de inusitado e as referências aos nossos dias e a ícones da sociedade americana dão ao filme um plus que lhe gradua para realmente ser um filme a todas as idades, um filme que encontrará desde uma leitura pueril dos menores membros de audiência a uma visão de algo cáustico por alguma parte do público mais adulto.

Junta-se a isso tudo a ótima direção musical e de animação, gerando uma obra excepcionalmente inteligente e perfeita para ser degustada com olhos de pai preocupado e de fã de humor.

Cotação: ****

Xuxa e os Duendes ( 2001) - Você acredita em duendes? Xuxa acredita. Você acredita em Wanessa Camargo, Luciano Huck, Gugu Liberato e Ana Maria Braga atuando como atores? Xuxa acredita. Se você comunga dessas crenças discutíveis, você vai adorar essa incursão da rainha dos baixinhos em meio aos elementais.

Diferentemente das bombas cinematográficas “Requebra” e “Popstar”, esse filme ao menos tenciona contar uma história que exija mais que um neurônio para se fazer compreendida, mas isso acaba não sendo mérito, pois passa da indigência intelectual para  pregação caretas de regras de bem-viver social combinada com a crença nos elementais e ecologia de quinta.

Xuxa parece uma pregadora eletrônica, emoldurada em uma produção visual digna de um especial de “Chaves”, transmitindo em primeira pessoa uma série de “ensinamentos” sobre coexistir com a natureza e seus elementos, tendo em seus companheiros de elenco mero apoio para aparições relâmpagos de artistas da segunda linha do pop nacional e bons atores que servem de escada para tais “aparições”.

Agora, se você tem um amigo duende, comprou o último CD de Wanessa Camargo, acha que o Táxi do Gugu não é feito por atores e sonha em participar do Caldeirão do Huck, veja a Rainha dos Baixinhos fazer clara de boa fada e emocionar os corações empedernidos de seus fãs.

Cotação: *

                                                                                                                                                            LBS


Dicas da semana:
(Período de 08/12 - 14/12/2001)

E Sua Mãe Também (Y su Mamá También, Alfonso Cuarón, 2001) - Mais uma ótima surpresa latina é o lançamento mexicano “E Sua Mãe Também”, um road movie muito bem conduzido pelo diretor Alfonso Cuaron (A Princesinha, Grandes Esperanças) que volta ao México após uma experiência americana em que pode entender a indústria de cinema.

Julio e Tenoch são dois jovens em final de adolescência que vivem entre aproveitar a vida e escolher a profissão. Tenoch (Diego Luna)  é filho de um político envolvido em corrupção; Julio (Gael Garcia Bernal, de Amores Brutos) é filho de uma secretária e aproveita dessa amizade fraternal para usufruir das benesses da alta burguesia mexicana.

A dupla resolve levar em viagem a uma praia inexistente, Luisa (a bela espanhola Maribel Verdú), esposa de um primo de Tenoch, que em crise pessoal embarca nessa viagem e se permite partilhar com os dois jovens, impressões sobre a vida e sexo.

O roteiro simples e muito bem concatenado tem como moldura o México e sua população mais simples que vão se confundindo com a paisagem, servindo a demonstração de total falta de importância que os desvalidos mexicanos são vítimas dos bem nascidos mexicanos.

A fusão dos dois mundos, seja das gerações ou da diferenciação de classes gera uma boa sequência de cenas que reforçam os dogmas da sociedade mexicana, mas sempre com um olhar crítico que os detona, deixando um certo gosto acre nessa saborosa comédia.

O elenco excepcional com três protagonistas exuberantes em suas composições completam esse interessante quadro, sendo justas as premiações já recebidas pelos dois jovens atores.

Cotação: *** ½

Dona Flor e Seus Dois Maridos (Bruno Barreto, 1975) - O filme recordista de bilheteria do cinema nacional retorna a tela com uma nova versão que possibilita uma revisão interessante sobre a cinematografia nacional.

A distância histórica faz do triângulo da jovem Flor (Sônia Braga) e seus maridos (José Wilker e Mauro Mendonça), uma agradável e libertária comédia que resistiu ao tempo numa estranha atemporalidade para um filme que tem em seus conceitos forte atrativo para seu público original.

Não se trata de uma obra prima, é apenas um bom filme, dirigido sem grande ousadia, mas com um elenco afinado, ótima canção e a base original do romance de Jorge Amado que sustentam a trama.

Mauro Mendonça tem seu grande momento para o grande público, uma atuação brilhante como o farmacêutico Teodoro; José Wilker, reveste o seu Vadinho com uma picardia toda especial, mas já antecipa a repetição de tipos e cacoetes que marcariam sua carreira anos afora; Sônia Braga exala sensualidade e tem em Flor a concretização de sua persona como a cara das mulheres sensuais de Jorge Amado.

Um filme que resistiu ao tempo e que permite ainda hoje uma boa diversão, mas seu sentido clássico está por mostrar ser possível ter uma cinematografia brasileira e, menos, por seu grande valor artístico.

Cotação: ***
                                                                                                                                                          LBS


Dicas da semana:
(Período de 01/12 - 07/12/2001)

Harry Potter e a Pedra Filosofal (Harry Potter and the Sorcerer’s Stone. Chris Columbus, 2001) - A adaptação de  “Harry Potter e a Pedra Filosofal” da escritora J. K. Rowling era um dos mais esperados lançamentos cinematográficos do ano e não negou o seu poder de fogo. Vem pulverizando récordes dia a dia deixando para atrás muitos filmes que por anos foram considerados imbatíveis em seus resultados.

O filme, dirigido pelo competente Chris Columbus (Esqueceram de Mim, Uma Babá quase Perfeita) se esmera em explorar o ambiente da escola de Hogwarts onde se desenvolve grande parte da trama e que será pormenorizada nas adaptações dos outros livros da série.

A produção é especialíssima rendendo ótimas seqüências impensáveis sem os efeitos especiais e a verba para produzi-la, cria uma atmosfera que reflete a descrição literária, ilustrando perfeitamente o que os ávidos leitores poterrianos esperariam ver na tela.

O filme, entretanto, acaba se tornando flácido em sua história já que ao mesmo tempo tem que desenvolver a gênese da fama de Harry (o jovem Daniel Radcliffe), relacionar o que seria e como se vive na escola de magos e ainda desenvolver propriamente a trama ligada a pedra filosofal do título.

Isso faz com que a história só ocorra em seu final, fazendo o filme valer por suas ótimas seqüências como o jogo de quadribol e a ótima aula de vassoura, mas que satisfazem pouco enquanto cinema, embora o grande objetivo dessa versão cinematográfica tenha sido colorir a imaginação de seus milhões de leitores no mundo inteiro.

O bom elenco infantil e os coadjuvantes repletos de monstros da arte inglesa (Alan Rickman, Ian Hart, John Hurt, John Cleese, Maggie Smith e Zoe Wanamaker) fazem esperar uma boa e divertida seqüência de filmes onde os personagens serão esmiuçados e seus perfis, que nesse filme foram delineados, terão contornos mais definitivos.

Cotação: *** ½

Lavoura Arcaica (Luiz Fernando Carvalho, 2001) - Um leitor ávido que tenha entrado no universo de Raduan Nassar terá com certeza torcido o nariz ao tempo que ficaria interessado ao saber que “Lavoura Arcaica”, obra primeira do escritor, teve a sua adaptação cinematográfica.

Arriscando-se a assisti-la esse leitor sairia do cinema com uma extrema sensação de júbilo de ter visto uma obra que não fica a dever a prosa, quase poesia, de Nassar, pois o filme foi concebido por seu criador, Luiz Fernando Carvalho, para reverenciar a obra e faz-lhe bom uso.

O filme “Lavoura Arcaica” é daquelas experiências cinematográficas raras que encanta e deixa pasmado seus espectadores, a busca do irmão mais velho (Leonardo Medeiros) que traz de volta o filho pródigo (Selton Mello) para alegria do seus pais (Raul Cortez e Juliana Carneiro da Cunha) e reencontrar sua irmã, alvo de sua loucura (Simone Spoladore), onde tudo corre num tempo neutro, fora da impressão normal que temos do tempo.

A produção transmite essa busca de densidade que é expressa no texto (há muitas narrações), mas também está viva em cada elemento de cena, em cada acorde musical e na própria paisagem da locação que parece querer comunicar os conflitos dos personagens.

Um elenco que é qualquer nota, seja pelos brilhantes trabalho dos atores: Raul Cortez (sublime), Selton Mello (visceral) e Leonardo Medeiros (o espectador); seja pela luz feminina de Juliana Carneiro da Cunha (soberba, marco de interpretação) e Simone Spoladore (uma aparição que sem declinar um ai, comunica em cada cena).

Percebe-se no diretor total reverência a obra adaptada que talvéz com uma edição mais depurada ou menos reverencial pudesse tornar o filme mais curto e mais palatável a espíritos que não encontrem a sintonia fina em suas exibições, mas talvez a obra ficasse incompleta e o banquete cinematográfico não tivesse o mesmo sabor de obra prima.

 Cotação: *****

                                                                                                                                                           LBS


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