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REPORTAGEM ESPECIAL
POLÍMERO - O ouro que o Brasil está queimando

            O álcool, um verdadeiro tesouro descoberto pelo Brasil há pouco mais de 30 anos, é um exemplo clássico disso. Um raciocínio simples define o nosso pouco tato para negócios trilhonários - produzir álcool para abastecer as necessidades internas e vender nosso petróleo para as demandas externas, trazendo dinheiro novo para o país ao invés de nós mesmos consumi-lo, teria sido uma grande tacada comercial brasileira. Simples desse jeito, poderíamos ter criado uma imensa quantidade de empregos produzindo e distribuindo álcool a nível municipal, retirando desse processo atravessadores de todas as espécies, incluindo a Petrobrás (que nada tem a ver com a produção do álcool), tornando o produto mais barato e competitivo. Quando se vê na televisão a propaganda sobre o biodiesel, onde a estrela é o óleo de mamona, estamos diante de mais um erro colossal. O polímero produzido a partir dela é uma espécie de plástico biodegradável que tem uma particularidade de extremo valor: substituir o osso humano e, pasme, se fundir ao corpo sem nenhuma rejeição. O produto é único no mundo capaz de tal façanha e é ele que estamos colocando no tanque de combustível para queimar.

Aceita-se pneus:

            Para se ter a dimensão exata do que é polímero, a sua capacidade de transformação e o que pode trazer de benefícios ao país, é necessário saber que através dele, é possível restaurar e transformar em produto novo, um dos maiores cânceres poluidores da Terra e que todos os países rejeitam - o pneu! De uma hora para outra, o Brasil tem a chance de se transformar no maior produtor de pneus do mundo, recuperando e vendendo (mais barato) como novo em folha (fica igual ao original) todo o lixo de borracha produzido no planeta. Enquanto isso, nossos cientistas estão a pé por conta da burocracia das agências governamentais e se vêem telespectadores da propaganda do estado que mostra pouca inteligência ao implantar a queima desse óleo como se fosse algo espetacular para o país. O disparate é tão grande que é como se estivéssemos usando um Rolls Royce para arar a terra, exemplo dado na "Revista Desafios", principal fonte dessa matéria, pelos técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, para definir o tamanho do erro que estamos cometendo.

Aplicações incríveis:

            Alguns estudos revelam performances espetaculares do polímero. Misturado ao flúor, formando uma superfície numa panela (fria), a água jogada em cima tem uma reação de fixação quando a superfície está seca, formando um laguinho compacto de extrema aderência. Se jogarmos água sobre o laguinho, abre-se um clarão no local, voltando a visualizar a superfície da panela. O polímero repele a água quando molhado e atrai a água quando seco. Essa versatilidade pode ajudar em inúmeras experiências científicas, tirando de cena nos laboratórios problemas relacionados à fixação, e podem permitir aplicações em muitas áreas, incluindo testes para fluidos corporais, dispositivos de chaveamento, coberturas redutoras de arrasto aerodinâmico e muitas outras. A impressão que dá é que o polímero é um ser vivo que se adapta a inúmeras situações, resolvendo questões que faz muito tempo perseguem pesquisadores, cientistas, médicos, produtores e ecologistas. E só o óleo da mamona, pelas suas raras características químicas, é capaz de gerar um produto de qualidades tão nobres.

Rejuvenescimento:

            Outra propriedade bastante ilustre do polímero do óleo da mamona é voltada para a medicina estética. Em algumas recentes matérias exibidas na televisão, foi anunciada a descoberta do fio de ouro usado para esticar a pele sem que se perca a expressão da face, o ponto fraco do botox. Um fio composto de moléculas de óleo de mamona desenvolvido na Universidade de São Carlos (SP), é apresentado pelos pesquisadores como a nova sensação no setor, com grandes vantagens sobre o ouro. Quando o material é introduzido na pele humana, o corpo o identifica como uma gordura e o envolve, automaticamente, com colágeno, substância que dá firmeza à pele. O médico paulista Athanase Christos Dontos, especializado em medicina estética, coloca que o material é absorvido pelo corpo humano como um elemento natural e os resultados duram por aproximadamente seis anos. Além de tudo, o polímero do óleo da mamona não permite o desenvolvimento de bactérias ou fungos, evitando qualquer efeito colateral indesejável. Por isso, até corações artificiais feitos com esse material no Hospital das Clínicas da USP, se mostram mais eficientes e práticos, melhorando muito a qualidade de vida do paciente.E não pára por aí. Todos os tipos de ossos, inclusive os da coluna, podem ser refeitos e assimilados pelo corpo como um órgão natural dele, sem nenhum tipo de rejeição. Por conta desse desempenho espetacular, até hoje, mais de 2.000 cirurgias já foram realizadas na Argentina, Chile e estados Unidos, com o polímero produzido aqui.

A difícil convivência com as agências controladoras do governo:

            O alerta foi dado pela equipe de cientistas da Universidade de São Carlos (SP) que está produzindo e exportando o polímero do óleo da mamona, e que no Brasil está sem mercado porque a ANVISA ainda não se manifestou liberando ou não a sua comercialização local. As agências de controle e fiscalização brasileiras em geral se comportam como funcionários públicos inexperientes, sem o menor tino comercial e desinteressados em fazer as coisas funcionarem porque eles não teriam nada com isso, salvo alguns casos. O episódio da greve a ANVISA, iniciada em fevereiro de 2006, que bloqueou por cerca de quatro meses a entrada de remédios para o tratamento do câncer, AIDS e de outras doenças, mostra bem a realidade e o nível de responsabilidade do órgão. A greve rendeu um prejuízo superior a um bilhão de dólares às empresas privadas do setor. Sabe-se o quanto é duro criar, produzir e comercializar no Brasil. O quanto as pessoas que investem, trabalham e se arriscam em novos produtos e mercados, reclamam do governo e de seus órgãos que, na maioria, acabam por paralisar o desenvolvimento. O colágeno hidrolisado, de extrema eficiência e absorção, desenvolvido por cientistas brasileiros e cubanos, produto indicado por 30% dos médicos americanos para o tratamento de inúmeras doenças, é outro exemplo onde os órgãos controladores do governo brasileiro se perderam e inviabilizaram a sua comercialização. O laboratório que o criou, simplesmente fez as malas e instalou sua indústria em Miami, nos Estados Unidos.

            Hoje, a empresa exporta o produto para o mundo todo, inclusive para o Brasil, e é uma das maiores referências do planeta sobre o assunto. O Brasil, dentro dos países emergentes, é o que menos cresce e se o comportamento do setor público, cada vez mais pesado, alheio e descompromissado, continuar na direção em que está vai permanecer assim por mais 500 anos.

A chance:

            O polímero a partir do óleo da mamona pode se tornar um dos maiores trunfos comerciais que já surgiram no Brasil, assim como o álcool. Mas, para isso, é preciso decidir corretamente agora para não chorar depois, evitando que todo esse "ouro" garimpado no óleo da mamona vire fumaça. Literalmente...

Biodiesel de origem animal:

            Não é de hoje que os alertas sobre a sustentabilidade deixam pesquisadores no mundo inteiro de olho em energia alternativas e ecologicamente corretas. Uma experiência na cidade paulista de Caconde, na divisa com o sul de Minas Gerais, trouxe para uma apresentação em Brasília um conceito de sustentabilidade a nível familiar muito interessante. Com os dejetos dos animais, João Paulo Muniz, filho de produtores rurais e responsável pelo projeto, faz biofertilizante para a lavoura de café, além de biogás, que supre 50% da energia da propriedade. Já a banha não aproveitada na linha de torresmo pré-pronto vira combustível para tratores e veículos. E a glicerina, subproduto desse inovador biodiesel de origem animal, transforma-se em sabão para lavar máquinas e veículos. Se considerarmos que gastamos uma fortuna para engordar suínos e bovinos para depois jogar o excesso de gordura no lixo, o projeto parece ser maravilhoso!

(*) Matéria produzida pela "E-Express Comunicação Ltda." edição nº 21, de dezembro/2006, da revista "Primeira Página",
editada e complementada pela equipe do Portal Brasil em março/2007


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