Documentário Vale o Escrito – A Guerra do Jogo do Bicho

Atualizado: novembro 17, 2025

Escrito por Pedro Carvalho

Chefe de redação


A série documental “Vale o Escrito – A Guerra do Jogo do Bicho”, dirigida por Fellipe Awi, mergulha nos bastidores do submundo do jogo do bicho no Brasil, um dos maiores esquemas de contravenção do país. A série revela a guerra entre diferentes facções envolvidas no controle dessa atividade ilegal, traçando a história de personagens que dominaram o jogo do bicho e as conexões com a política, o crime organizado e as autoridades.

A série explora a ascensão de figuras influentes no jogo do bicho, suas disputas por poder e as violentas guerras territoriais entre esses grupos, que envolvem assassinatos, corrupção e influência nos altos escalações da sociedade brasileira.

Fellipe Awi, jornalista e diretor, já havia trabalhado em reportagens sobre o crime organizado e traz uma visão detalhada e investigativa sobre esse universo. A produção busca apresentar depoimentos de especialistas, jornalistas e pessoas próximas ao assunto, oferecendo um panorama profundo sobre o impacto dessa atividade no Brasil ao longo das décadas.

Principais Temas Abordados

  • História do jogo do bicho: Desde sua criação no fim do século XIX até o auge nos anos 1980 e 1990.
  • Disputas violentas: Assassinatos e guerras de facções que disputam o controle do jogo.
  • Relações com o poder: Conexões com políticos e autoridades.
  • Impacto social: O papel do jogo do bicho na economia informal e nas comunidades.

A série é um retrato impactante de como o jogo do bicho transcendeu sua origem simples para se tornar um dos maiores símbolos de contravenção no Brasil, com ramificações que vão além do crime, atingindo as esferas políticas e sociais do país.

Personagens

A série “Vale o Escrito – A Guerra do Jogo do Bicho” destaca o papel ambíguo dos chefes do jogo do bicho, que, além de liderarem atividades ilegais, também eram conhecidos como benfeitores sociais . Esses chefes, como Castor de Andrade e Anísio Abraão David , atuavam como mecenas em suas comunidades, investindo em atividades culturais, esportivas e educacionais , o que lhes davam garantias de uma aura de respeitabilidade e admiração local, mesmo sendo envolvidos em contravenções.

Eles financiaram escolas, centros de saúde, clubes de futebol e, principalmente, desenvolveram para a profissionalização do Carnaval carioca . Castor de Andrade, por exemplo, foi um grande patrocinador do Bangu Atlético Clube e da Mocidade Independente de Padre Miguel , tornando-se uma figura essencial no crescimento do Carnaval como um grande espetáculo internacional. Esse apoio à cultura e ao esporte ajudou a consolidar sua influência nas comunidades, ao mesmo tempo em que mascarava as atividades ilícitas relacionadas ao jogo do bicho.

A série revela como esses líderes se apresentaram não apenas como contraventores, mas também como figuras públicas e sociais que ajudaram a melhorar as condições de vida em seus territórios. No entanto, essa imagem benfeitora coexistia com o lado violento e violento das disputas internas, com muitos conflitos entre os próprios bicheiros pela liderança e controle do jogo.

Essa dualidade — a de criminosos e ao mesmo tempo filantropos locais — é um tema central que permeia a narrativa da série, refletindo o impacto dessas figuras na sociedade carioca e no desenvolvimento cultural do Rio de Janeiro, especialmente no contexto do Carnaval.