O apetite dos investidores estrangeiros pelo mercado de shoppings centers brasileiros ficou evidente na decisão da companhia inglesa Squarestone de lançar ações no segmento de "empresas emergentes" (AIM) da Bolsa de Londres para captar recursos que serão despejados exclusivamente no Brasil.

As ações das empresas brasileiras de shoppings que abriram o capital ao longo dos últimos três anos na Bovespa estão, em grande parte, nas mãos de investidores internacionais.

A Squarestone Brasil chegou ao país em 2008 com a aquisição do Shopping Bonsucesso, em Guarulhos (SP). A companhia prevê levantar 250 milhões de libras esterlinas, o equivalente a cerca de US$ 385 milhões e R$ 700 milhões, com uma oferta pública inicial de ações na bolsa londrina.

Os executivos da Squarestone Brasil não se pronunciaram a respeito dos planos da empresa de realizar uma oferta de ações em Londres em vez de preferir o mercado de capitais brasileiro como fizeram as demais companhias locais que abriram o capital - BR Malls, Multiplan, Iguatemi, General Shopping e Aliansce.

A escolha do mercado de capitais londrino permitirá que a Squarestone tenha um acesso direto aos investidores estrangeiros que estão em busca de oportunidades em países emergentes como o Brasil sem precisar fazer uma escala na Bovespa.

Em entrevista concedida em agosto de 2009, o presidente da Squarestone no Brasil, o inglês James Morse, afirmou que tinha planos de investir 400 milhões de libras (ou cerca de R$ 1,2 bilhão) na construção de novos shoppings e na aquisição de empreendimentos no país. "Queremos construir a marca Squarestone no Brasil. Estamos buscando oportunidades de investimentos em outros países emergentes, mas decidimos que o Brasil seria o primeiro", afirmou Morse.

A Squarestone foi criada no Reino Unido em 2003 com o objetivo de fazer a gestão dos investimentos imobiliários de três famílias britânicas, mas passou depois a captar recursos também de outros investidores.

Além do shopping Bonsucesso, em Guarulhos (SP), a Squarestone está construindo um shopping center em São Bernardo do Campo (SP), o Golden Square. O empreendimento deve consumir investimentos de R$ 240 milhões e sua inauguração, que inicialmente estava prevista para o fim de 2010, foi remarcada para abril de 2011.

Com a oferta em Londres, é esperado que a Squarestone acirre a concorrência por áreas imobiliárias e shoppings já existentes no Brasil. Outro negócio internacional que deve mexer com o mercado brasileiro de shoppings é a venda, nos EUA, da General Growth Properties (GGP). No Brasil, a GGP é acionista da Aliansce, uma das cinco maiores empresas brasileiras do setor e que lançou ações na Bovespa há apenas um mês.

Ontem, a empresa canadense Brookfield assinou um acordo para aquisição de 30% do capital da GGP, que pediu concordata no auge da crise nos Estados Unidos, no início de 2009. A Brookfield já está entre as dez maiores empresas de shopping centers no Brasil, onde atuava até o ano passado com o nome Brascan. O acordo com a GGP, se aprovado pelas autoridades americanas, reforçaria a presença da companhia canadense no mercado brasileiro.

A GGP havia recebido uma oferta de compara de US$ 10 bilhões do Simon Group, que não está presente no Brasil.

FONTE: Cláudia Facchini (Valor Econômico) - "matéria editada pelo Portal Brasil".

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